segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sincronicidade - Todas as primeiras vezes (parte 2) 2002

mesmo.  Suficientemente rápida para que Nick – e os outros passantes – vissem a cena como mais um dos acidentes do “Estranho Al” e não como o primeiro contato.
Ela aceitou de bom grado e deu um sorriso tímido. Pelo resto do dia ele ficaria com a imagem daqueles profundos olhos verdes extremamente expressivos enviando uma mensagem que só ele entendeu.
-Obrigada. – Disse com sua voz contida, quase sussurrada. – Você é um doce, sabia?

Al simplesmente levantou a cabeça e olhou para ela com um sorriso nos lábios.

- Olha... Não sei se ele já nos apresentou. O Homem que te derrubou se chama “Al” e eu sou o Nick. Nova por aqui, certo?
- Algumas vezes me indago se não sou nova em todos os lugares. Mudanças são tão constantes que nem sei mais onde estou. Bem...Sei sim. Aqui, estou perdida. Alguém pode me dizer onde fica a sala da 8ª “A”? Já entrei até no banheiro por engano.
- Lugar bem atraente, imagino... Mas não creio que as aulas de lá sejam muito interessantes... Elas fedem!
- Serei seu “Cicerone”. – Diz Al quebrando o silêncio - Posso?
- Sim, adoraria. Quão cavalheiro senhor “Al”.
-É, ele fala pouco, mas quando fala faz o certo. – Comenta Nick ainda sem acreditar na reação de seu amigo que nunca deu muita atenção para mulheres quanto deu para qualquer outra pessoa. Se o apelido deveria ser mudado ou aquele momento era o prelúdio de estranhezas ainda maiores, só o futuro – e não um estupefato Nick – Diria.

Recreio.

Al” está sorrindo...”– Pensa a oriental quando passa por ele e dá seu costumeiro beijo de bom dia. Algumas matérias os distanciaram este ano, entretanto, ainda tenta manter o contato. Piadas práticas e os costumeiros avisos de que o jornal da escola precisa ser” tocado “surtem o efeito desejado mesmo que ele esteja aéreo demais para perceber qualquer coisa que não o” estalinho “dado para chamar sua atenção. Conhecendo-o como conhecia, sabia ser este um momento perfeito para buscar outra companhia e não tardou a encontrá-la, caminhando para o banheiro de meninas: A Menininha Ruiva. Apressou discretamente o passo para que ninguém – nem ela – percebesse que com tantas coisas pra fazer, Akiko estava perseguindo uma aluna nova. Trombam-se no exato momento que a” novata “sai do banheiro e o pedido de desculpas torna-se o motivo perfeito para um” bate-papo ameno“.

- Ih... Desculpa ai, ta? – repara a oriental – Ando tão distraída por estes dias... Nem te vi.
- Tudo bem, “sou pequena...” – Ironizou a ruiva com uma pitada de raiva em seus olhos verdes.
- Lugar comum, certo?
- Trombada forçada é meio velhinha... – A ruiva estende a mão para a oriental num ar convidativo - Vamos fazer o seguinte: Meu nome é Simone Marie. O seu é...
- Akiko, Akiko Tsuburaya... – Responde a oriental sem jeito e com um sorriso sem graça – Você é nova aqui, não?

- Fui transferida da capital... Ainda não conheço ninguém aqui.
-Ninguém, Ninguém? – Empolgou-se – Completamente virgem?
- Em todos os sentidos da palavra, creio. – Responde a menina, fingindo não entender a piada.
-Coisa rara hoje em dia...
- Ainda acredito no “Sr. Homem Certo”.
Akiko tira os óculos de Simone Marie e os coloca sobre a cabeça.
- E eu acredito em duendes.

Simone Marie olha para a Akiko e não consegue conter o riso enquanto retoma os óculos.

-A casa agradece... – Responde Akiko, percebendo a receptividade da novata.

Coçando a cabeça, ela se lembra de algo e comenta: - Ah, sim... Conheci Al Rodriguez! Mas já me disseram que se eu quiser manter uma boa fama, devo me afastar dele. Dizem até que ele dormiu com um bode...
Sem conseguir conceber tal situação, Akiko desanda a rir. Nunca tinha visto seu amigo com qualquer outra mulher que não ela e as poucas integrantes de seu grupo de amigos, mas daí a dizer todas as sandices que andam por ai...  Ele havia se tornado o “Bicho-papão” do colégio. Sem motivo.

- AL Rodriguez é a pessoa mais doce que já andou na face da terra...Nunca te faria mal.
- São amigos...? Digo...Vocês são só isso? – Indaga a menina deixando a oriental com uma ponta de dúvida sobre seus verdadeiros interesses.
- Só amigos e como pode ver: Não como criancinhas ou sou um tipo de ET. Claro, sou tão normal quanto uma oriental num estado de filhos de portugueses pode ser...

Simone Marie não consegue conter o riso. Ela havia sido rude e ainda assim, a resposta foi uma fina ironia. Estilo, aquela menina tinha e sabia sobre o garoto que atraiu sua atenção. Seria uma boa informante.

- Me mostra o colégio, “Ki”? Seu amigo disse que faria, mas não cumpriu a promessa.
-Mostrar eu mostro, mas “KI” é o diabo que te carregue, tá? – Comentou bem rabugenta.
-É mais fácil de lembrar...
-Você é bonita demais...Não vou te esquecer.
-Ei! Eu estava falando de você... – Implicou ao perceber o verdadeiro teor do comentário.
-Vem! –Puxou-a pela mão e saiu apresentando tudo que havia ao redor – Vou ao inferno por ter bom gosto?
- Não, meu ego agradece, mas não espere beijos no primeiro encontro.
-Menina, juro que estava esperando tapas ou gritos.
- Só não espere cama, o resto você pode conquistar.
-Ok, uma nova amizade é sempre bem-vinda.
-Você vem dizer isso pra mim? Sou a novata!
-Não por muito tempo...
-Socorro... – Ironiza a ruiva fingindo-se de vitima.

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