Mostrando postagens com marcador Superman através dos tempos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Superman através dos tempos. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de janeiro de 2014

Superman através dos tempos (final): Nada será igual a antes (talvez).

Superman através dos tempos (final):  Nada será igual a antes (talvez).

Apavorado com os anos 90?  Como já sabemos, fases bagunçadas, soluções forçadas.
Os anos 2000, também conhecidos como a era dosreboots, foram simpáticos ao Superman. De 2000 a 2011, quando os Novos 52 surgiram após ”Flashpoint” e transformaram Clark Kent noHarry Potter dos quadrinhos, o Superman foi rebotado como Ferdinando-El, o supercaipira.
Houve um projeto chamado “Superman 2000”, em que nomes de peso como Grant MorrisonMark Millar,Mark Waid e outros menos conhecidos organizariam uma nova origem do personagem para o novo milênio. O projeto não foi aceito, mas ecoou em todos os seus títulos nos próximos onze anos.
Capa original de "Nossos Mundos em Guerra"
Na virada do milênio, Metrópolis foi infectada com o Vírus Brainiac 13 e se tornou a cidade do amanhã, com carros voadores e prédios inteligentes. Lex Luthor, após sacrificar sua filha Lena para possuir a tecnologia, se torna o presidente dos Estados Unidos da América. A presença de um verdadeiro vilão na Casa Branca foi um elemento importante na saga “Nossos Mundos em Guerra“, onde ele organizou o esforço coletivo da Terra para vencer Imperiex, o vilão da vez. Pouco depois disso, Jeph Loeb tentou trazer Kripton para os novos tempos e Lois e Clark foram parar no planeta pouco antes de sua destruição, onde atuaram como os lendários heróis  Asa Noturna e Flamejante e ainda conviveram com os pais biológicos deKal-El.  Como resultado desta viagem, eles trouxeram Krypto, o Supercão para o universo DC.
As influências das outras mídias foram sentidas. “Smallville” já era uma série longeva na TV e, após várias tentativas de relançar o herói nos cinemas que incluíram Nicholas Cage enfrentando Brainiac numa história escrita por Kevin Smith que virou sensação na internet depois de ter sido engavetada, o Superman retornou num filme que homenageou os originais, mas não fez sucesso.  Felizmente ou infelizmente, os conceitos criados pelo diretor Richard Donnerforam reaproveitados nos quadrinhos.

Geof Johns, nome importante nos quadrinhos do personagem por um bom tempo e para a DC mais pra frente, escreveu a minissérie “Crise Infinita“, que mais uma vez consertaria a história do universo DC e marcaria o retorno do Superboy primordial, de Alexander Luthor da terra primordial e do Superman da Terra 2, que voltou mais amargo após a morte de sua Lois Lane. A guerra que alterou todo o universo foi vencida e ahistória deu o salto de um ano em que o Superman ficou sem poderes.
Livre para contar uma nova origem, Johns fez um mix transmídia que alinhavou conceitos de “Smallville”, dos filmes de Donner e de elementos da Era de Prata. Pela primeira vez em décadas o Superman havia sido o Superboy original e participado ativamente da Legião dos Super-Heróis; a Fortaleza da Solidão era cristalizada; e Krypton absorveu os elementos da versão do filme. Ao longo de sua fase como roteirista, ele adaptou todas as origens dos vilões e outros elementos importantes, abrindo espaço para o que viria nos anos seguintes. Superman e Lois Lane adotaram o filho do General Zod, ocasionando o retorno dosKryptonianos graças à luta derradeira entre Brainiac e o herói, na qual este não só conseguiu salvar a cidade de Kandor como recuperar seu tamanho original e trazer os  sobreviventes para a terra, onde fundaram a Nova Krypton. Deixando claro quais eram as suas lealdades, o escoteiro azulão foi morar com seus compatriotas.
Os Kryptonianos

Paranoico, o governo da Terra (capitaneado pelo General Sam Lane) tentou matar os Kryptonianos, que acabaram se mudando para um planeta que também circundava o sol da Terra. A líderAlura (mãe da Supergirl) libertou o General Zod da Zona Negativae, em um de seus primeiros atos, o vilão mandou prender Kal por traição. Comandados por Zod, os Kryptonianos decidiram invadir a terra. No final, Zod retorna para a Zona Fantasma e Kal decide retomar seu lado “Clark”.
A intenção original era de que esta fosse a última saga do personagem antes do reboot que aconteceria em “Crise Final”, saga criada por Grant Morrison. Mas como o então presidente da editora bateu o pé, o reboot ficou para o evento chamado “Flashpoint”, que aqui no Brasil ficou conhecido como “Ponto de Ignição“, no qualFlash tentava salvar sua mãe e zoneia com toda a cronologia da editora.
Na nova era, mais direcionada ao audiovisual, a empresa passa a se chamar DC Entertainment e cria conceitos que podem ser utilizados em outras mídias (ou se apropria de elementos delas). Consequentemente, todos os personagens são readaptados.
O Colecionador de Mundos
O novo Superman escrito por Grant Morrison é menos escoteiro e, no começo de sua carreira, remete à sua versão da Era de Ouro, usando roupas surradas para combater todos os tipos de pequenos crimes. No momento em que é obrigado a enfrentar o DC Entertainment, o personagem ganha uma armadura Kryptoniana. Seus pais estão mortos e ele mora numa pensão, lembrando muito a história de Peter Parker, o Homem-Aranha. Nos cinco anos entre seu surgimento e o reconhecimento como herói, ele enfrenta todos os tipos de desconfiança e medos até finalmente se consolidar como membro da Liga da Justiça e “maior herói do mundo”. Esse Clark já trabalhou no Planeta DiárioRede Galáxia de Telecomunicações e acabou se tornando blogueiro. Não ficou certo se ele foi Superboy ou não, mas ele teve participação na Legião dos Super-Heróis, que mais uma vez o treinaram para que se tornasse o herói que deveria ser.
Algumas histórias ainda contam na cronologia do personagem e outras foram delicadamente deletadas. E é a partir desta Tabula Rasa que se iniciam os próximos 75 anos de história do personagem.
O que eles nos reservam? Só com o tempo descobriremos.

Superman através dos tempos: Ah, os anos 90…

Superman através dos tempos: Ah, os anos 90…

Você tem vergonha dos anos 90? Não está sozinho, oSuperman também tem. A década de 90 foi quando tanto Clark Kent quanto Superman morreram em histórias caça-níqueis, ele se tornou “elétrico, atômico, genial”, um déspota obcecado em proteger o mundo e ainda esteve dividido em várias eras devido à uma ideia bem infeliz.
Dean Cain e Teri Hatcher em "Lois & Clark: As Novas Aventuras do Super-Homem"
Logo no começo da década, um vilão ligado ao passado de Clark Kent descobriu sua identidade secreta e resolveu revelá-la ao mundo, em uma vendeta que fez com que o rapaz do interior abandonasse sua identidade civil. Cruzando a América num trailer com sua família, ele tentou escapar do problema até que finalmente conseguiu resolvê-lo e a trama termina como começou: sem grandes alterações ao status quo do personagem.  A história seguinte, entretanto…
Numa das reuniões anuais do staff responsável pelos títulos do Superman nos anos 90, Mike Carlin, o editor chefe de então, expôs seu problema: o plano de fazer o casamento do Superman foi por terra porque a Warner acreditava que “Lois & Clark“, a mais recente adaptação do personagem na TV, deveria participar. Mas, devido a atrasos, os planos teriam que ser abortados. À época, os personagens já eram noivos e cúmplices desde o fim da década anterior.
Apocalipse ou Doomsday
A solução? Matar o personagem. E foi o que fizeram. Mais especificamente foi o que fez a equipe composta por Dan Jurgens,Roger SternLouise SimonsonJerry Ordway e Karl Kesel, no arco em que a Liga da Justiça encontra uma nova ameaça, um inimigo poderoso demais para ser contido pelo grupo e, aparentemente, só subjugado pelo escoteiro azulão. Após um embate que durou meses, a vitória do Homem de Aço e seu supremo sacrifício foram apresentados na edição 75 do personagem.
O novo vilão, uma monstruosidade descerebrada chamada “Doomsday” (Apocalypse no Brasil), havia cumprido a profecia de seu nome, conduzindo o herói ao dia de seu juízo final. O que parecia ser o fim do personagem, foi na verdade um projeto que durou quase um ano, mostrou as consequências de um mundo sem o Superman e desembocou em seu inevitável retorno.
Após o adeus do personagem, foi publicada a série “Funeral para um Amigo“, na qual todos aqueles tocados por ele lidaram com sua passagem e com o desaparecimento de seu cadáver, abrindo espaço para a sequência derradeira da trilogia: “O Retorno de Superman“. Na nova série, surgem quatro personagens que alegam ser o Superman renascido, os quais se baseavam em alcunhas do personagem: O Homem de AçoO Filho de MetrópolisO Homem do Amanhã e o Último Filho de Krypton.
Superman Ciborgue, Superman Erradicador, Aço e Superboy
Eram eles: o Superciborgue, o Kriptoniano (que na verdade era a incorporação do Erradicador, um artefato Kriptoniano que já havia dado vários problemas ao personagem), Aço (que vestia uma armadura em uma homenagem ao falecido) e Superboy, um clone juvenil. Tirando o Superciborgue, todos os novos supermen ganharam títulos próprios. A história também foi a queda em desgraça do Lanterna Verde Hal Jordan que, após a destruição de Coast City, sua cidade natal, tornou-se um perigoso vilão. Como não poderia deixar de ser, o Superman retornou enfraquecido, mas completamente anos 90: adotou mullets e usou trabucos para combater seus inimigos.
Como compensação por todo o seu infortúnio, o tão esperado casamento finalmente aconteceu e, numa edição especial que contou com todos os criadores vivos já envolvidos com o personagem, Lois Lane finalmente tornou-se a senhora Superman.
Pouco depois, foi a vez do Superman Elétrico. Durante uma série chamada “Noite Final“, ele perdeu os poderes ao enfrentar oDevorador de Sóis. Além disso, uma estranha mutação em suas moléculas fez com que se tornasse um ser de pura energia forçado a usar uma roupa especial de contenção. Em uma luta contra o Superciborgue, foi dividido em dois Supermen: Superman Azul eSuperman Vermelho, o primeiro mais calmo e o segundo mais reativo. Apesar da homenagem à Era de Prata, os fãs ficaram felizes quando ele foi finalmente reintegrado.
O milênio foi fechado com péssimas sagas e o personagem perdia cada vez mais leitores. Seria a hora de um novo reboot?

Um Superman cansado em casa, 'a noite, com o peso do mundo em seus ombros. O que será que ainda vem por aí? Traço de Alex Ross

Superman através dos tempos: Superman pela Marvel Comics?

Superman através dos tempos: Superman pela Marvel Comics?

Já imaginou o que aconteceria se a Marvel colocasse as mãos emSuperman e cia.?
Quase aconteceu. Após um grande prejuízo causado por uma tentativa de crescimento editorial no final dos anos 70, houve uma violenta queda de vendas em todos os títulos da editora. O trágico momento ficou conhecido como “Implosão DC” e levou a editora a repensar seus negócios.
Time Warner, que havia comprado a editora, tomou a única decisão lógica: manter os direitos sobre o licenciamento de seus personagens e oferecê-los para a concorrência. Como consequência, o conglomerado manteria o lucro com derivados e se livraria da gordura ruim que era aDC Comics, ao passo que uma editora mais competente manteria os personagens nas bancas e comics shops.
Jim Shooter
A concorrência, também  conhecida como Marvel Comics, famosa por ter mudado a  forma  como os americanos liam quadrinhos com seus personagens mais humanos e centrados na realidade dos leitores, havia sido a pedra no sapato da DC desde o seu surgimento. Seus primeiros títulos eram distribuídos pela editora, que impunha limitações criativas como jamais criar super-heróis, algo que os criadores Lee e Kirby acharam um jeito de desobedecer e burlar quando lançaram  Fantastic Four 1, a revista que deu origem ao universo. Caso a transação vingasse, a editora licenciada contaria com uma polpuda participação nos lucros. Especulava-se um montante por volta de U$ 3 milhões só no primeiro ano .
Em 1984, as negociações entre executivos das duas empresas já estava adiantada e tinha um grande defensor: Jim Shooter, cria daLegião dos Super-Heróis, título que começou a escrever com 15 anos, que havia se tornado Editor Chefe da Casa das ideias.
Os títulos lançados seriam: SupermanBatmanMulher-Maravilha,Lanterna VerdeNovos TitãsLiga da Justiça e Legião dos Super-Heróis, que Shooter voltaria a escrever após mais de uma década ausente.
John Byrne

Todos os títulos ganhariam um novo número um e seriam desenvolvidos por equipes criativas que supostamente eliminariam os problemas criados pela Era de Prata.
John Byrne, então artista do Quarteto Fantástico e com passagens por todos os personagens da editora, principalmente os X-Men, título mais vendido dos anos 80, não só fez uma proposta para o título do Superman como apresentou uma capa para sua primeira edição.
O que poderia ter se tornado uma nova Era de Ouro, com os roteiros e artes dinâmicas que tanto buscavam, morreu antes de nascer. A independente First Comics processou a Marvel por monopólio e a empresa por trás da editora decidiu recusar o que seria uma proposta excelente para não se queimar no mercado.
Não havia sido a primeira tentativa de negociação, só a primeira que quase foi pra frente. Infelizmente para a Time Warner, a DC Comics precisava continuar existindo (dando lucro ou não).
A editora tentou mudar seus personagens e chamou autores de peso para criar conceitos para os três grandes (Superman, Batman e Mulher-Maravilha). As propostas não deram certo e o única que, com muitas mudanças, chegou a ir para as bancas foi O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. O título foi um sucesso, deu novo fôlego para o personagem e o conglomerado viu que em mãos capazes seus personagens ainda renderiam muito. É deste título a famosa cena em que Batman, usando o anel deKriptonita, dá uma surra num enfraquecido Superman, assim como a primeira aparição do presidenteRonald Reagan nos quadrinhos da editora. Reagan se tornaria presença constante em muitos títulos pós crise, principalmente os que envolvessem a União Soviética.
Algumas participações do então Presidente Ronald Reagan nos quadrinhos do Superman
Numa tentativa desesperada de transformar seus personagens em algo interessante não só para os anos 80 como para todas as décadas vindouras, Marv Wolfman e George Perez, responsáveis pelo sucesso “Novos Titãs”, foram convocados para a hercúlea tarefa de criar um título que reunisse todos os personagens na história final do Multiverso DC. Nascia assim a maxi série de 12 edições Crise nas Infinitas Terras, que separava o universo DC não em eras, mas nas fases pré e pós-crise. No final do evento, toda a história foi reiniciada e um novo universo DC nasceu.
Crise nas Infinitas Terras
Durante a crise, o Superman sofreu várias mudanças: sua prima foi assassinada pelo vilão da série, todos os Kriptonianos foram apagados da história e passou a haver apenas um Superman. OSuperman original, ou da Terra 2, e sua Lois Lane se perderam entre as realidades. Tais mudanças abriram espaço para a versão de John Byrne que, após sair brigado da concorrência, foi para a editora realizar o projeto para o qual havia sido contratado dois anos antes.
Mas faltava uma despedida adequada.
O réquiem da Era de Prata foi contado por Alan Moore ao lado de Perez, Curt Swan (considerado o desenhista definitivo do personagem até então) e Kurt Schaffenberger (outro nome com profundas ligações na mitologia do personagem) e se chamava “Superman: o que aconteceu ao homem de aço?“. Na história, na ocasião de uma década do desaparecimento do personagem, um repórter entrevista Lois Lane, que passa a narrar sua última aventura, um verdadeiro tributo à Era de Prata e suas histórias.

Superman através dos tempos : As novas aventuras de um imigrante ilegal

Superman através dos tempos #5: As novas aventuras de um imigrante ilegal


Um novo Superman para o final do milênio.
Criada pelo renomado cartunista John Byrne e com arte final de Dick Giordano, a minissérie em cinco partes O Homem de Aço nos apresentou um Superman diferente, mas ainda assim tentou aproveitar todos os elementos do passado com uma releitura moderna.
Clark Kent, cria de Smallville, torna-se Superman aos 18 anos depois de descobrir a verdade sobre sua origem alienígena. Nessa versão, após os Kent revelarem a matriz gestacional que esteve guardada anos em seu porão, o herói começa a ter contato com o mundo árido e tecnológico de Krypton, onde pares eram escolhidos por compatibilidade genética, filhos não eram gerados por trocas de fluidos e Jor-El e Lara Lor-Van formavam um casal atípico por terem se unido devido às emoções que nutriam um pelo outro. Não era a Kripton de seu pai. De certa forma se aproximava dos conceitos usados no filme da década anterior que ainda reverberavam pelos quadrinhos do herói.
Superman vs. Metallo
Sem a idolatria por seu planeta morto e com o desenvolvimento gradual de seu poder, o que eliminou seu passado como Superboy, o personagem teve tempo para se desenvolver não só como pessoa, mas como americano nacionalista dos anos 80.
Devido à essa postura mais nacionalista, Clark criou uma relação familiar única com seus pais adotivos e com o Kansas, cuja presença dentro de suas histórias aumentou a ponto de ele dar escapulidas para comer a torta de sua mãe ou montar cercas com o pai, reforçando sua ligação com o coração e a alma da América do Norte. Nessa versão, o famoso uniforme foi costurado por sua mãe usando tecido comum e ele teve um grande prejuízo, pois suas capas eram destruídas com grande facilidade. Pete Ross e Lana Lang (nesta versão ela saberia a identidade secreta) ganharam ares mais locais e seu relacionamento amoroso com Lana foi mais sério e realista do que nas versões anteriores. Mais humano e menos divino, o novo Homem do Amanhã seria bem mais fraco e, apesar de todas as ressalvas do pai em relação a possíveis ferimentos e acidentes causados pelo uso de seus poderes, ele ainda conseguiu jogar rúgbi durante o colegial e ter outras realizações até então impensadas para o tímido e atrapalhado repórter de antes.
Seus laços com o Planeta Diário permaneceram e, pela primeira vez em quase uma década, ele voltou a trabalhar no periódico ao lado de todos os seus coadjuvantes clássicos. Seu relacionamento comBatman, por outro lado… Antes unha e carne, na nova encarnação a dupla foi influenciada pela nova versão mais sombria do Homem-Morcego e a grande amizade tornou-se uma relação fundamentada apenas no respeito. Com o tempo e vários autores depois, a coisa mudou um pouco de figura. Um bom exemplo é o fragmento de Kriptonita que já foi o coração deMetallo, usado como anel para conter o homem de aço por Lex Luthor (que perdeu a mão devido à radioatividade da pedra) e foi parar num cofre dentro daBatcaverna, dando ao seu dono poder sobre a vida e a morte do azulão.
Reflexo da América xenófoba e ultra patriota da década, a nova Metrópolis vivia dias delicados e era constantemente atacada por terroristas, republiquetas do bloco oriental ou que espelhavam países comunistas próximos. A postura nacional de então foi questionada quando Bloodsport, um Rambonegro, entrou em rota de colisão com o campeão da cidade. O duelo de ideologias entre a cópia do famoso herói de cinema e o estrangeiro ilegal (tradução literal da frase “illegal alien”), que precisou reafirmar seu compromisso com as estrelas e listras da bandeira americana, não passou de uma crítica aberta e sem danos à cultura pop de então – postura que no fim mais reforçou a humanidade e a bondade do Super do que questionou seu papel no imaginário popular.
Mas este não foi o seu maior embate ideológico. Seu maior vilão havia voltado e também sofreu reformulações.
Lex Luthor e seu anel de Kriptonita
Lex Luthor havia se tornado a encarnação do sonho dosyuppies, um self made man inescrupuloso que fez sucesso vendendo suas patentes para o governo e criando seus projetos por debaixo dos panos. O ambicioso Luthor se sentiu melindrado ao ser confrontado pela idolatria ao estranho visitante de outro mundo que, em pouco tempo, conseguiu tudo que ele levou uma vida para conquistar.
Diferente de sua versão anterior, que culpava o herói por sua calvície, este perdeu os cabelos (e ganhou peso) de forma gradual.  Esta versão também insinuou um triângulo amoroso com Lois Lane, interesse amoroso do Kriptoniano, uma vez que ela e Luthor já haviam tido um rápido affair.
Na década em que Salt ‘n’ Pepa pregavam “Let´s Talk about sex, Babe”, os personagens não só estavam descobrindo a própria sexualidade como a demonstravam de forma sutil. A Lois Lane moderna abandonou seu lado virginal e assumiu que, antes de ser coberta pelo manto vermelho com o “S” amarelo, já havia tido outros parceiros; um deles foi o próprioSenhor Myxpltk, disfarçado em sua primeira aparição pós crise.
Superman em uma superprodução...pornô
Clark também não ficou sozinho. Contrariando a sugestão de “Homens de Aço, Mulheres de Kleenex”, conhecido artigo que afirmava que uma mulher normal morreria caso o Superman se empolgasse, “Clark Jr.” se manteve bastante ocupado durante a fase Byrne. Não só com supermulheres, mas com humanas normais. De Lana Lang à paixão platônica pela sereia Lori Lemaris, passando pela rápida ficada com a Mulher Maravilha e o constrangedor filme pornô que gravou com a Grande Barda (quando os dois foram hipnotizados por um fugitivo de Apokolips), uma versão mais fraca do personagem teria os envolvimentos românticos que quisesse.

Superman comemora os 50 anos com a Mulher Maravilha
Nessa fase, ao menos no primeiro momento, a Kriptonita não era tão sortida quanto em sua versão anterior. A Kriptonita vermelha, por exemplo, foi criada em laboratório. E diferente de ser uma pedra mágica, o fragmento assassino de Kripton tornou-se um tipo de isótopo radiativo. A paixão de Byrne pela ficção científica foi sentida em suas histórias, que explicavam que o corpo do alienígena era uma bateria solar e que, justamente por isso, quando totalmente carregado ele se tornava “Super”. Também foi dito que sua visão de calor tinha o mesmo princípio dos micro-ondas e que seu voo era baseado no conceito de mente sobre matéria. Tal qual os monges orientais, o poder de sua vontade fazia pequenos milagres.
E para não dizer que Kripton foi totalmente erradicado da continuidade, elementos como a Fortaleza da Solidão e a Zona Fantasma foram reapresentados.  Seu planeta continuava morto, era apenas uma lembrança. Ainda assim, tanto sua história quanto suas tecnologias foram resgatadas devido ao Erradicador, um artefato que por um lado causou problemas, mas por outro foi útil em várias situações devido à sua programação.
Predador
Foi introduzida uma nova Supergirl, criada pelo heroico Luthor de um universo paralelo assolado por versões alternativas doGeneral ZodNom e Ursa, inimigos que forçaram nosso herói a tomar medidas extremas. Como consequência, uma séria crise de consciência o levou a peregrinar sem rumo pelo universo em busca de si mesmo. Quando voltou para a terra, ainda sob o efeito do stress, assumiu inconscientemente a identidade do Predador, um dos heróis urbanos de Metrópolis.
Os leitores tinham um velho herói para os novos tempos. E por um bom tempo eles foram felizes e sabiam. Até que nos anos 90, quatro desenhistas fundaram uma editora que anunciou a morte de todos os heróis de seus pais.

Não percam os próximos capítulos de Superman através dos tempos.

Superman Através dos Tempos: Interlúdio 1 – O pop se autoconsumirá

Superman Através dos Tempos: Interlúdio 1 – O pop se autoconsumirá


Em 1961, a Marvel lançou Fantastic Four 1 e mudou as regras do jogo, forçando a concorrência a se adaptar ao seu estilo narrativo com um universo compartilhado, personagens com pontos fracos e questionamentos sociais ou problemas pessoais. O marqueteiro Stan Lee, que fez o argumento de todos os títulos até meados dos anos 60, criou um ambiente intimista em que todos os leitores se sentiam parte do clube, e isso afetava a forma como as histórias eram recebidas. Ao mesmo tempo, a editora foi a primeira a ousar e quebrar o Código de Ética dos Qadrinhos com a famosa história do Aranha em que Harry Osborne, chapado de LSD, quase saltou de uma janela.
Denny O’Neil e Neil Adams
Com a abertura promovida por Stan Lee, roteiristas mais antenados com o momento atual aproveitaram para fazer os quadrinhos que sua geração queria ler. Surgiu a Era de Bronze, que abrangeu parte dos anos 70 e povoou o universo das HQs com histórias que tentaram ser mais realistas ou deixar o panteão divino da DC Comics mais humanizado. O grande responsável foi Denny O’Neil, autor de alguns textos para a Rolling Stone antes de finalmente entrar para os quadrinhos e se tornar criador de marcos da Era de Bronze. Mais conhecido como o roteirista responsável por, ao lado de Neil Adams, deixar oBatman aos poucos mais sombrio e apagar de vez a sombra do seriado camp dos anos 60, ele também foi o criador de momentos memoráveis de outros heróis.
George Reeves
Entre suas passagens – algumas famosas, outras nem tanto – estão a já citada “Saga da Criatura de Areia“, que enfraqueceu o Superman, a “Saga Lanterna Verde & Arqueiro Verde” (1971), na qual eles “pegaram a estrada” e foram lidar com problemas socioculturais terrestres, e a primeira vez que Diana Prince, acompanhada por seu novo mentor, o misterioso oriental conhecido como I-Ching, abandonou o manto da Mulher Maravilha para trajar roupas inspiradas no visual mod de Emma Peel, personagem do seriado inglês “The Avengers” que se tornou um James Bond de saias.
Outro movimento começou a ser sentido pela editora: com o surgimento da “Pop Art” e da “cultura pop”, o interesse de outras mídias pelos quadrinhos havia retornado. Não era novidade, afinal, o processo iniciado pelos Studios Fleischercom o Superman da Era de Ouro, continuou com os seriados semanais para cinema estrelados por Kirk Alyn: “Atom Man vs. Superman“. Entretanto, o Superman desta geração teria o rosto do ator George Reeves, que estrelou o primeiro longa do personagem “Superman and the Mole-Men” e, mais tarde, estrelou a primeira série para TV do personagem, “Adventures of Superman“. Ainda assim, os personagens ficaram fora da telinha durante algum tempo até o boom do Marvel Action Hour (1966), que incentivou a Fox a lançar no mesmo ano o seriado ”Batman“, estrelado por Adam West, e a Filmation a lançar a animação “New Adventures of Superman“, seguida por “Superman/Aquaman Hour of Adventure“, a primeira a introduzir animações de outros heróis, e fechar a super trilogia do estúdio com “The Batman/Superman Hour“, que adaptava o Batman da Fox.
Seriado Batman dos anos 60 com Adam West e Burt Ward
Os personagens haviam se tornado ícones da cultura pop, quase que de domínio público, comercializados em lancheiras, cadernos, roupas, assim como em qualquer consumível onde suas imagens coubessem. Como diria Andy Warhol, “O pop irá se autoconsumir”. Foi o mesmo com os quadrinhos. A estética estava tão arraigada que alterações abrasivas como as propostas por O ‘Neil não poderiam ser permanentes ou se reverteriam numa queda de licenciamentos.
Durante anos, a DC tentou evitar choques culturais e quebras de expectativa, como no caso da meninaque comprou a revista Red Hood and the Outlawsimaginando encontrar a Estelar dos Jovens Titãs, sua cândida heroína de infância, e encontrou uma periguete.
Os Superamigos: primeira formação com Wendy, Marvin e Supercão e depois com os Supergêmeos Jan, Jayna e Gleek
A história se tornou um meme graças aos detratores das alterações ocorridas nos personagens há dois anos, realizadas sob a desculpa de aproximar mais os personagens de suas versões nos cinemas e animações e assim atrair mais leitores para a decadente mídia dos quadrinhos.
O curioso é que enquanto os quadrinhos tentam com todas as forças manter sua estrutura para que fãs de todas as idades reconheçam os personagens, as outras mídias não têm o mesmo purismo e interpretam os personagens conforme as necessidades de seu público, criando a discrepância que a nova direção da editora tentou amenizar.
Falando nisso… Você sabe quais foram as mais importantes alterações que o escoteiro azulão sofreu devido a outras mídias?
O primeiro caso conhecido de adaptação é o caso dos Superamigos, série infantil surgida a partir de uma parceria da Editora com o estúdioHannah–Barbera. Diferente da Filmation, que com raras alterações adaptou quase fidedignamente as aventuras dos personagens, a produtora tinha o hábito de simplificar os personagens utilizados e inserir alívios cômicos na pele de coadjuvantes e animais. A série durou de 1971 a 1985, teve várias fases e tornou famosos os personagensWendyMarvin e Supercão, além de inserir ZanGleek e Jayna, osSupergêmeos, no inconsciente coletivo de toda uma geração.
Em resposta ao sucesso, a editora lançou um título homônimo com histórias dentro deste universo que explicariam alguns detalhes deixados de lado na animação. Descobrimos que os três primeiros adolescentes, sobrinhos de Bruce Wayne, foram treinar com outros mestres após saírem da série. Aprendemos também que, apesar de conter membros da Liga da Justiça, o título era na verdade uma citação ao fato de os personagens serem os “superamigos” de seus pupilos adolescentes. Ao longo das várias fases da série vimos desde diversas interpretações do Superman – que incluiam a que resultou dos combates infantis em que Myxpltk, um duende da quinta dimensão, o transformava num fazendeiro – até a primeira morte do personagem na mídia, ocorrida durante a última temporada, quando decidiram deixar o seriado mais adulto. Superamigos bebia da incansável fonte de absurdos da chamada “Era de Prata”, na qual, desde que fosse interessante, qualquer história poderia e deveria ser contada, em detrimento tanto da continuidade quanto da personalidade de seus personagens.
Superman - O Filme de Richard Donner de 1978
Christopher Reeve, o rosto definitivo do herói
Mas foi em 1978, quando o mundo inteiro finalmente acreditou que um homem poderia voar, que o personagem sofreu sua maior influência transmídia. “Superman – O Filme” de Richard Donner, estrelado por Christopher Reeve e Gene Hackman, foi um estrondoso sucesso e, mesmo com três continuações não tão memoráveis, definiu o Superman das gerações seguintes. Até recentemente, quando ganhou uma estranha semelhança comHarry Potter, muitos ainda o desenhavam com a cara do finado ator numa forma de homenagear seu ícone de infância. A primeira vez que isso ocorreu foi em 1988, quando o estúdio Ruby Spearscontratou o desenhista Gil Kane para criar model sheets do personagem inspirados no filme para uma adaptação que narraria as histórias do personagem conforme o universo pós crise da editora.
O pop se autoconsumiu e, pela primeira vez na história, uma série adaptou uma grande mudança recente ocorrida devido às necessidades derivadas do surgimento da própria cultura pop.
Uma crise se aproximava e, entre 1985 e 1986, todo o universo DCseria assolado por ela.
Mas o que foi a crise e quais os seus efeitos no Homem do Amanhã? Como vimos, ele não é exatamente invulnerável à cultura pop. Como ele seria afetado pelos anos 80? Será que seu coração de vidro se quebraria com o fim das cabines telefônicas?

Artes Inéditas de Histórias da Bíblia

Apesar de ter tido uma edição publicada, a proposta da série Histórias da Bíblia era narrar todas as histórias contidas neste que é um dos ...