Superman através dos tempos: Superman pela Marvel Comics?
Já imaginou o que aconteceria se a Marvel colocasse as mãos emSuperman e cia.?
Quase aconteceu. Após um grande prejuízo causado por uma tentativa de crescimento editorial no final dos anos 70, houve uma violenta queda de vendas em todos os títulos da editora. O trágico momento ficou conhecido como “Implosão DC” e levou a editora a repensar seus negócios.
A Time Warner, que havia comprado a editora, tomou a única decisão lógica: manter os direitos sobre o licenciamento de seus personagens e oferecê-los para a concorrência. Como consequência, o conglomerado manteria o lucro com derivados e se livraria da gordura ruim que era aDC Comics, ao passo que uma editora mais competente manteria os personagens nas bancas e comics shops.
A concorrência, também conhecida como Marvel Comics, famosa por ter mudado a forma como os americanos liam quadrinhos com seus personagens mais humanos e centrados na realidade dos leitores, havia sido a pedra no sapato da DC desde o seu surgimento. Seus primeiros títulos eram distribuídos pela editora, que impunha limitações criativas como jamais criar super-heróis, algo que os criadores Lee e Kirby acharam um jeito de desobedecer e burlar quando lançaram Fantastic Four 1, a revista que deu origem ao universo. Caso a transação vingasse, a editora licenciada contaria com uma polpuda participação nos lucros. Especulava-se um montante por volta de U$ 3 milhões só no primeiro ano .
Em 1984, as negociações entre executivos das duas empresas já estava adiantada e tinha um grande defensor: Jim Shooter, cria daLegião dos Super-Heróis, título que começou a escrever com 15 anos, que havia se tornado Editor Chefe da Casa das ideias.
Os títulos lançados seriam: Superman, Batman, Mulher-Maravilha,Lanterna Verde, Novos Titãs, Liga da Justiça e Legião dos Super-Heróis, que Shooter voltaria a escrever após mais de uma década ausente.
Todos os títulos ganhariam um novo número um e seriam desenvolvidos por equipes criativas que supostamente eliminariam os problemas criados pela Era de Prata.
John Byrne, então artista do Quarteto Fantástico e com passagens por todos os personagens da editora, principalmente os X-Men, título mais vendido dos anos 80, não só fez uma proposta para o título do Superman como apresentou uma capa para sua primeira edição.
O que poderia ter se tornado uma nova Era de Ouro, com os roteiros e artes dinâmicas que tanto buscavam, morreu antes de nascer. A independente First Comics processou a Marvel por monopólio e a empresa por trás da editora decidiu recusar o que seria uma proposta excelente para não se queimar no mercado.
Não havia sido a primeira tentativa de negociação, só a primeira que quase foi pra frente. Infelizmente para a Time Warner, a DC Comics precisava continuar existindo (dando lucro ou não).
A editora tentou mudar seus personagens e chamou autores de peso para criar conceitos para os três grandes (Superman, Batman e Mulher-Maravilha). As propostas não deram certo e o única que, com muitas mudanças, chegou a ir para as bancas foi O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. O título foi um sucesso, deu novo fôlego para o personagem e o conglomerado viu que em mãos capazes seus personagens ainda renderiam muito. É deste título a famosa cena em que Batman, usando o anel deKriptonita, dá uma surra num enfraquecido Superman, assim como a primeira aparição do presidenteRonald Reagan nos quadrinhos da editora. Reagan se tornaria presença constante em muitos títulos pós crise, principalmente os que envolvessem a União Soviética.
Numa tentativa desesperada de transformar seus personagens em algo interessante não só para os anos 80 como para todas as décadas vindouras, Marv Wolfman e George Perez, responsáveis pelo sucesso “Novos Titãs”, foram convocados para a hercúlea tarefa de criar um título que reunisse todos os personagens na história final do Multiverso DC. Nascia assim a maxi série de 12 edições Crise nas Infinitas Terras, que separava o universo DC não em eras, mas nas fases pré e pós-crise. No final do evento, toda a história foi reiniciada e um novo universo DC nasceu.
Durante a crise, o Superman sofreu várias mudanças: sua prima foi assassinada pelo vilão da série, todos os Kriptonianos foram apagados da história e passou a haver apenas um Superman. OSuperman original, ou da Terra 2, e sua Lois Lane se perderam entre as realidades. Tais mudanças abriram espaço para a versão de John Byrne que, após sair brigado da concorrência, foi para a editora realizar o projeto para o qual havia sido contratado dois anos antes.
Mas faltava uma despedida adequada.
O réquiem da Era de Prata foi contado por Alan Moore ao lado de Perez, Curt Swan (considerado o desenhista definitivo do personagem até então) e Kurt Schaffenberger (outro nome com profundas ligações na mitologia do personagem) e se chamava “Superman: o que aconteceu ao homem de aço?“. Na história, na ocasião de uma década do desaparecimento do personagem, um repórter entrevista Lois Lane, que passa a narrar sua última aventura, um verdadeiro tributo à Era de Prata e suas histórias.
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