domingo, 12 de janeiro de 2014

HQ: Os Quadrinhos Foram Ocupados

Tudo é política. E nos quadrinhos não é diferente. Por mais que se tente manter o status quo, sempre somos levados a conhecer visões políticas alternativas.
Depois de movimentos tanto criticados como elogiados (como anarquia, fascismo, nazismo e contracultura) terem sido introduzidos no universo dos quadrinhos, chegou a vez do Movimento Occupy. A iniciativa ganhou o conhecimento mundial em 2011 com a manifestação Occupy Wall Street, na qual os participantes se vestiam com máscaras de Guy Fawkes, um dos responsáveis pela conspiração da pólvora do século XIX na Inglaterra e inspiração para o protagonista da série V de Vingança, criada em 1982 pelo Inglês Alan Moore.
Capa da publicação nº1 da Ocuppy Comics
Os manifestantes alegavam representar 99% da população, uma maioria esmagadora e insatisfeita que reclamava de temas importantes, como a desigualdade social, o abuso das corporações e a manipulação da mídia, entre outros. Segundo acreditavam, tais assuntos eram responsáveis pela precária situação financeira do outrora mais poderoso país do mundo. Simpatizantes ao redor do globo organizaram manifestações semelhantes reclamando de problemas locais, enquanto hackers seguidores da filosofia, chamados Anônimos, chegaram a fazer sérias ameaças aos governos, demonstrando seu poderio ao deixar sua marca nas páginas principais de vários sites governamentais e midiáticos.
Com o intuito de divulgar sua mensagem utilizando o mais popular dos meios, foi criada a Occupy Comics, uma antologia de quadrinhos que narra histórias baseadas na filosofia do movimento. O projeto, que ganhou o apoio de nomes de peso, como o próprio Alan Moore,Robert Kirkman (“The Walking Dead”) e Ben Templesmith (“30 Dias de Noite“), foi colocado na rede de Crowdfunfing Kickstarter, e a renda das vendas da antologia será revertida para o movimento. Para isso, foi criado o selo/editora Black Mask, que não só produzirá a revista como terá outros projetos paralelos que, apesar de aparentemente destoarem da filosofia, podem ser levados para outras mídias e assim captar mais dinheiro para os membros do Occupy.

Apesar da polêmica de alguns títulos e seus propósitos, a ideia de se implantar uma produção em quadrinhos coletiva voltada para o bem comum não só é atraente como um divisor de águas. Até então não se tinha notícia de outros quadrinhos que tenham manifestado tão claramente sua posição política. Além do mais, é provável que a premissa de ser algo ao mesmo tempo panfletário e rentável possa prolongar a vida do Occupy, que não só passará a ser autossustentável como terá um importante braço midiático.

Na quarta-feira passada, dia 23/05, a loja de quadrinhos nova-iorquinaForbidden Planet foi ocupada para o lançamento da revista, numa prova da alta receptividade dos leitores e da viabilidade da novidade que, se bem administrada, chegou pra ficar.


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