sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A polêmica da Miss Marvel muçulmana


Quem pode ser um super-herói? Muçulmanos podem? A Marvel Comics acha que sim, o comediante e apresentador de televisão estadunidense Conan O’ Brien acha que não e muitos estão indecisos.
Mas quem é o super-herói? Na verdade é ela e seu nome é Kamala Khan, muçulmana paquistanesa de 16 anos que sempre foi fã de Carol Danvers e para homenageá-la decidiu assumir seu “alias”. Diferente da original, a atual é uma transmorfa e além da já complicada vida de adolescente, tem a vida de uma adolescente muçulmana cuja família tenta manter as tradições religiosas em meio ao choque cultural.
Pouco mais de uma década do 11 de setembro, ver histórias americanas contando o lado bom de seus outrora inimigos é uma virada interessante. Exatamente como os japoneses na segunda guerra, os muçulmanos passaram a primeira década do novo milênio sendo retratados como um perigo real e imediato para o modo de vida do americano médio. O que mudou?
Não dá pra saber se é só uma tentativa de alavancar as vendas como foi a explosão de personagens gays de 2012 ou se será algo realmente sério. A verdade é que isso tem incomodado muita gente que criticou sem sequer ter lido a revista. Um deles foi o apresentador Conan O’Brian, que após ter dito tudo o que queria sobre o assunto em seu Twitter, retirou os comentários com a mesma velocidade que os fez.
Por outro lado, em seu artigo sobre o assunto, a filósofa e cientista política SABBIYAH PERVEZ comentou que a criação de uma personagem como esta é importante para que as mulheres muçulmanas e seus hábitos não só se tornem conhecidos como sejam respeitados. Segundo ela, a mulher muçulmana tornou-se uma entidade difícil de ser compreendida ou apreciada socialmente devido a seus hábitos diferentes como ao escolha do uso do véu ou de roupas mais “privadas” e seu relacionamento com seus pais, irmãos e maridos.
E de acordo com SABBIYAH, o mais importante dessa ação é apresentar, para a maioria que não compreende, a múltipla identidade nacional usada pelos muçulmanos, que respeitam tanto o país de origem de sua família quanto aquele em que eles nasceram; como é o caso da nova personagem que tanto se vê como paquistanesa quanto como americana. E ela terminou felicitando a Marvel pela coragem de reconhecer a força da mulher muçulmana.
Polêmica ou não, a ideia dos editores é válida: contar as agruras de um a adolescente que tem de fazer escolhas e crescer com elas enquanto encara um mundo que pode não aceitá-la tão bem. E para isso, até contrataram uma roteirista muçulmana, G. Willow Wilson, para que a personagem não vire mais um estereótipo, afinal, ela contará algo que falará tanto com sua identidade quanto com sua memória emocional.
A nova série da Miss Marvel lançada em fevereiro de 2014 e além dos roteiros de G. Willow Wilson o título contará com os desenhos de Adrian Alphona.
Será que apesar dos detratores, o mundo está preparado para a personagem? Vale lembrar que Pó, a personagem muçulmana criada por volta dos anos 2.000 por Grant Morrison durante sua passagem pelos X-Men nunca emplacou.
Publicada originalmente em Impulso HQ

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