Cena 1- Todos sentados na mesa do “Spiritus Mundi”. Hell está ouvindo um diskman, Simone está gesticulando freneticamente contando uma história empolgada e bate várias vezes com a mão na orelha de Anderson. Nick está pedindo que Martha lhe traga um café e Assumpção está distraído com algo que está escrevendo. Nick, olha para Assumpção.
Nick – Muito trabalho?
Assumpção acerta os óculos que escorregam pelo nariz – Pois é...
Nick – Ainda é aquele?
Assumpção – Acredita que rasgaram meu material inteiro por acidente?
Nick- Não sei o que é pior: Você trabalhar ainda trabalhar pra eles ou não fazer cópias dos teus trabalhos. “Back-up” existe, sabia?
Assumpção – Existe um troço chamado dinheiro que serve pra pagar as contas e sobre as cópias... Um certo idiota de cabeça raspada me trouxe um disquete com vírus...
Hell – E eu lá sabia que o teu brinquedo servia pra algo de útil?
Simone olha para as olheiras de Anderson – Nossa, profundas...O que houve?
Anderson irritado – O Sr. E a Sra. “Elfo” se acertaram e não me deixaram dormir...
Simone se vira para Nick – Vocês voltaram?
Nick concorda tímido e solta um sorrisinho safado no final.
Simone dá um tapinha sacana nas costas de Nick – E ai, “Elfo”... Desencalhou!
Nick olha com desaprovação para Simone – E daí? Você também e eu não fiz alarde...
Simone volta sua atenção para Anderson e sseu desenho. Deixar bem claro que ela fez isso só pra desconversar.
Simone – Sobre o que é ?
Anderson – Na hora que eu descobrir te conto... Hoje falo com o roteirista, mas até agora, só fiz “Model Sheets”.
Simone sem entender nada – Ah...
Simone se vira para Hell, que fica todo o tempo só ouvindo o “Diskman” e puxa o fone do ouvido dele.
Simone – O que você tanto ouve?
Hell segura a mão dele e segura sutilmente – Música!
Simone olha para ele com raiva, todos se abaixam e contam até três olhando para os dois.
Hell – É pra te levar a sério? Você dorme com o Assumpção...Deve ser mais doida que ele!
Simone se vira para Assumpção – Ei! Não vai me defender?
Simone percebe que Assumpção já está bem longe e olhando para o relógio.
Assumpção – O que sobreviver me conta a história...
Anderson - Ei! Espera!!! Vou com você...
Hell – Lá vão “Coragem o cão covarde” e o “Coelho preto da Alice”...
Assumpção para Hell – Não aparto mais as brigas de vocês.
Vendo os dois indo embora, Hell e Simone se entreolham e se estranham meio que sem saber o que fazer. A idéia é que para de fazer sentido quando ficam sozinhos.
Simone para Hell – Me desenha?
Hell olha para Simone sem entender nada – Pirou? Ataca primeiro e depois pede favores?
Simone com cara de entediada – Só é divertido te “detonar” em público...
Nick olha para os dois irritado – E eu? Sou o que?
Simone – Você é só meio público, “Elfo”...
Cena 2
Anderson está sentado numa sala velha num daqueles escritórios que gritam “roubada” por todos os poros. A mulher está com cara de tédio e poucos amigos limando as unhas sem qualquer atenção para ele. Entediado, Anderson vai desenhando uma série de caricaturas “Slapstick” da secretária. (maneiras de matar um mala)
Anderson – Será que as pulgas vão ser atendidas antes de mim ?
Secretária com um muxoxo– Se elas marcaram hora...Quem sabe? Artistas...
Anderson torcendo o nariz para ela. (O texto é em Off)
- É sempre a mesma coisa...Porque todo picareta tem uma secretária idiota? Bem, pior pra mim, que sempre entro nessas.
Ele fica olhando surpreso para o relógio da parede, que vai se mexendo tanto pra frente quanto pra trás e bate freneticamente na sua pasta portfólio. Aqui temos dois planos, pois seria um texto em código mosrse que seria lido no letreiro na parte de baixo da tela: “Eu estou morrendo de tédio”.
A cena fecharia com um “chicote” que mostraria uma caveira na mesma posição coberta da areia de uma ampulheta quebrada colocada sob sua cabeça.
Voz da secretária em Off – Sr. Aidar?
A transição da caveira para o rosto do Anderson dizendo: “Hã?” Ficaria interessante com o uso de “Morph” ou algo ainda mais moderno que fosse fundindo as duas imagens até transformá-las novamente nele se virando desatento para a secretária.
Anderson – Mas já? Nem se passaram três horas...
Anderson se levanta e vai na direção da porta que ela aponta. O interessante aqui é que essa cena “aberta” fecha num close dela baixando os óculos até o nariz e olhando por cima deles.
Secretária – Mas vai rápido que a fila continua...
Anderson se vira ,vê as cadeiras vazias e se vira pra ela.
Anderson – Tem razão... Ainda faltam as moscas.
Anderson vai andando e rabiscando algo num papel que retira da pasta e dá meia volta para dar um tapinha nas costas dela e colar o papel.
Anderson – Te devo essa.
Muda para o close do sorriso irônico de Anderson depois de fechar a porta.
Dentro da sala, uma série de pôsteres de vários artistas conhecidos (ou não) na parede dividida entre brasileiros e estrangeiros. Deve-se deixar bem claro que ele é paraguaio, logo tudo ao redor precisa soar falso, Um plano detalhe na mesa mostra duas imagens: Uma de Ganesha e uma de Lakshmi com um incenso aceso entre as duas.
Diretor abrindo os braços para Anderson tentando fingir amizade – Bom te ver...
Anderson – Vou ficar melhor quando um trabalho acontecer...
Diretor – Pode ser com uma... Mulher?
Anderson – Se não for sexo...
Jubi olha para Anderson e sorri. Ele olha para a oriental e a reconhece como sendo a garota da cantada do bar do último dia e fica completamente sem jeito, faz uma cara de assustado e gagueja.
Anderson – Vo-vo-você...?
Jubi debochada só acena com a cabeça.
Anderson – Eu quero morrer...
Diretor – Hã... Vocês se conhecem.
Jubi e Anderson se viram para o diretor. Ele está cada vez mais incomodado e ela cada vez mais irônica.
Jubi – Sim.
Anderson – Não !
Jubi – Ai!
Anderson – Mais ou menos...
Jubi – Tanto faz...
Anderson – Dane-se!
Jubi – Ah, sei lá.
O interessante nesse diálogo é que os dois ficam se entreolhando e sem saber exatamente o que dizer, se atrapalhando o tempo todo e ficando cada vez mais enrolados.
Jubi tenta conter um ataque de risos sem sucesso – E você é o desenhista do “Homem-Duende”? Vamos realmente trabalhar juntos?
Diretor – É, e fico feliz de saber que vocês se entendem tão bem.
Jubi com um olhar cínico para Anderson – Pelo menos divertido vai ser...
Anderson falando baixinho – Não acredito...Odeio isso!
O telefone toa, o diretor atende e diz apenas “Sim” antes de desligar o telefone.
Diretor – Preciso resolver um assunto...
Anderson – Hã...
Jubi dando um tapinha em Anderson – Já estamos de saída.
Jubi fica olhando para Anderson e faz sinal para que os dois saiam com a mão e com a cabeça para o lado.
Jubi sai e Anderson a acompanha, se chocando nela quando ela para pra ver o desenho nas costas da secretária e ri.
Anderson – Ui!
Jubi apontando para o desenho – Gostei! Uma vaca frígida... Você é criativo.
Anderson – Dizem.
Jubi – Vamos almoçar naquele lugar de ontem? Os outros também vão estar?
Anderson olha para ela com um tom de pavor – Sinceramente? Espero que não...
Cena 3
Hell, Assumpção, Simone e Nick continuam sentados na mesa do “Spiritus Mundi” quando os dois chegam, e Assumpção, o primeiro a ver, cai na risada apontando na direção dos dois enquanto Simone olha se perguntando o que está acontecendo.
Hell – Pois é, Anderson... Coisas que você acha na rua.
Anderson – Será que só eu trabalho aqui?
Simone – Nunca fomos tão brasileiros...
Simone olha para Nick, que não consegue conter a gargalhada – Hã...Me trata como seu eu fosse loira, mas...Qual a piada?
Assumpção – Fizemos uma aposta e ele... Bem, digamos que,,, “Amarelou.”
Simone – E ela foi a aposta... Típico! Sabe... Andando com vocês, me sinto a pessoa mais normal do mundo.
Jubi – Esquenta não... Ele até que é gostosinho, só é bobão.
Anderson – Até você?
Jubi – Ah, sem estresse... Posso sentar?
Simone aponta para a cadeira vaga e faz um convite gestual para que ela se sente.
Simone devorando um “cheesecake” sem culpa – Sei lá... É bom ter um outro “tipo exótico” por perto... Monopolizar atenção é um saco.
Hell – Até porque vamos precisar de uma mulher atraente por perto logo, logo... Já é o terceiro.
Simone – Escuta aqui, seu idiota...
Simone salta em cima de Hell, mas desiste no meio e volta a comer o Cheesecake.
Simone – Putakipa... Melhor continuar no Cheesecake. Ta bom...
Nick – Mas que... Quando isso virou um episódio do Monty Phython?
Jubi – Ah, eles são doidos, mas até que são divertidos...
Nick – Um bar de psicólogos freqüentado por malucos. Estamos no lugar certo.
Martha, a atendente começa a limpar a mesa – Quando começamos?
Todos olham para ela com um olhar de desaprovação e fazem sinal de silencio ao mesmo tempo – Shhhhh!
Martha coloca um cartão sobre a mesa e sai sorrindo – Temos divãs públicos... Fiquem a vontade para usar. Quando quiserem... Grupo é a minha especialidade.
Todos se viram surpresos com a situação
Assumpção – Já é a segunda vez que você faz isso...Não tem nada melhor?
Martha imitando o Hell – Assumpção, certo?
Simone – Putz! Possessão demoníaca! Ta igualzinho.
Simone e Hell se entreolham e ele dá os ombros – Não tenho nada a ver com isso...
Assumpção se levanta - Hora de ir, “papito”.
Hell – Assumpção rima com...
Assumpção – Idiota, ainda assim tem o charme de ser original.
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