segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Arte de Nestablo Ramos Neto

Merril Bainbridge - Mouth

Na época, eu ouvia Merril Banbridge pra caramba . Justamente por isso, sempre imaginei "Mouth"  como a abertura da série. Descubram o motivo.



I feel like I've been blown apart
There are pieces here
I don't know where they go
I don't know where they go
Kiss me on my salty lips
I bet you feel a little crazy but for me
We'll be famous on t.v.
Would it be my fault if I could turn you on?
Would I be so bad if I could turn you on?
When I kiss your mouth I want to taste it
Turn you upside down, don't want to waste it
I jump on you, you jump on me
You push me out and even though you know
I love you I'd be inclined to slap you in the mouth
When I kiss your salty lips
You will feel a little crazy, but for me
I'll be famous on t.v.
Now, will it be my fault if
I take your love and throw it wide?
You might restrain me,
But could you really blame me?
And you will feel you're blown apart
All the pieces there will fit to make you whole
And I know where they go


A versão na cena  também é interpretada pela Bainbridge. 

Música da cena anterior

BEING BORING Lyrics

Artist: Pet Shop Boys 
Album: Behavi


(Tennant/Lowe)
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I came across a cache of old photos
And invitations to teenage parties
"Dress in white" one said, with quotations
From someone's wife, a famous writer
In the nineteen-twenties
When you're young you find inspiration
In anyone who's ever gone
And opened up a closing door
She said: "We were never feeling bored

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought: "Make amends"
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end

When I went I left from the station
With a haversack and some trepidation
Someone said: "If you're not careful
You'll have nothing left and nothing to care for
In the nineteen-seventies"
But I sat back and looking forward
My shoes were high and I had scored
I'd bolted through a closing door
I would never find myself feeling bored

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought: "Make amends"
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend

Now I sit with different faces
In rented rooms and foreign places
All the people I was kissing
Some are here and some are missing
In the nineteen-nineties
I never dreamt that I would get to be
The creature that I always meant to be
But I thought in spite of dreams
You'd be sitting somewhere here with me

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought: "Make amends"
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend

And we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought: "Make amends"
And we were never being boring
We were never being bored
'Cause we were never being boring
We were never being bored 

..............................................


Gosto muito de Bein Borin... Muito mesmo. Todo o jeito introspectivo da música meio que lembra o clima do relacionamento dos dois, que foram separados por muito tempo e se encontraram por acidente muito tempo depois.  Por isso, a música teria  duas funções na série. Além de ser o tema do Assumpção, ela serviria de tema de encerramento. 

Fragmento de A&S Versão 2001

Simone se levanta e começa a fazer passos de alongamento de Balé, usando a parede como base e levantando a perna quase até o queixo.

Simone – Lembra da “Dona Julinha”? Você  vivia se escondendo na sala dela pra me ver.
Assumpção –Putz! Quando ela me descobriu  quase  fui expulso.
Simone rindo e apontando para as pernas – Tudo por causa  disso...Você é um tarado, Alexandre... pedófilo.
Assumpção arremessa uma almofada nela – Ei! Sempre tivemos a mesma idade!

Assumpção olha para Simone, se levanta e começa a imitá-la, só que ele é todo  duro e não consegue, por  isso  começa a “bater cabeça”.
Assumpção – E quer saber de uma  coisa? Eu te vi tanto que aprendi!
Simone  começa a estapear Assumpção – Para  com isso...Você é muito duro!

(A grande tirada aqui é que os dois já estão bem altos)

Assumpção  cínico– Faz um quatro, Nonnie...

Simone tenta, mas já está meio tonta, tropeça e cai em cima dele, num beijo extremamente acidental. Os dois  começam a rir.

Simone – Bateu...
Assumpção ri e dá um beijo na testa dela – Absinto mata.
Simone – Mata nada! Depois do pastel de botequim  que servem na agencia...
Assumpção – Você  comendo pastel de  botequim ?
Simone olhando bem triste para Assumpção – A idade está chegando, sabia? Se você soubesse as coisas  que tenho de me submeter...
Assumpção – Idiotas... Como podem tratar assim a mulher mais linda  que já vi?
Simone olha para Assumpção  com um olhar espantado – Repete isso sóbrio...
Assumpção – Você é muito ingênua, Nonnie.

Assumpção vai até a pilha de cds e puxa o cd da Merryl Bainbridge(Mostrar a capa)  Ele  começa a imitar a dança do piano do  filme “Quero ser grande”. Reconhecendo, Simone cai na gargalhada.

Simone - Putakipa... Você é muito bobo...
Assumpção – Por isso você sempre volta.

Simone se aproxima, afaga os cabelos de Assumpção e  suspira.
Simone – Não é só por isso...

Os dois se aproximam e trocam um abraço mais  forte que vira um beijo relutante.  Simone  fica por  cima de Assumpção e olha direto nos seus olhos de um jeito terno. Aqui a cena vai ficando com uma iluminação cada vez mais romântica e o som da música ainda mais incidental.  A música que vai  tocando é “Being boring”. O pedaço certo seria este:

“All the people I was Kissing(...)”

Os dois meio que vão se entregando ao clima. Relutantes a princípio, vão se tornando cada vez mais intensos.

Simone  - Senti sua falta, sabia?
Assumpção cínico – Eu sei.
Simone dá uns tapas nele que  fica sério por alguns momentos.
Assumpção – Ta, eu também... Dá pra parar?

Os  dois se entreolham e vão ficando cada vez mais atraídos um pelo outro, trocando carícias  que  viram um beijo.
A câmera vai descendo até o chão, quando dá um “Fade out” que  dura três segundos antes de de dar um “fade in” sutil. A câmera se move e vai até a porta, que se abre com os três entrando e depois desce novamente, indo para o chão, mostrando uma trilha de  roupas  que leva ao quarto de Assumpção. Hell puxa uma calcinha bem grande, do tipo não sexy  que está no chão, olha e mostra pra todos.

Hell – Quem iria imaginar...

Nick puxa a calcinha da mão de Hell e a joga novamente no chão com um olhar de desaprovação. Nick olha para o buraco da fechadura e  sorri.

Nick  sorrindo – Eu sabia...
Anderson – Putz...Aconteceu mesmo?

Nick se  vira pra Hell fazendo sinal de quem está cobrando  algo e  ele retira relutante uma nota de  cinqüenta reais  do bolso, entregando  com uma cara de poucos amigos.

Hell – Saco...


Fecha para os créditos finais e o tema de encerramento.






Sobre A&S 2001

Quem  gostou das idéias do A&S pode aguardar novidades...
É curioso ler esses fragmentos. A idéia era pegar gente conhecida e tirar sarro de todos os pontos que pudéssemos. O curioso é que haveria  uma rotatividade grande de personagens coadjuvantes.  A idéia era tirar o foco do "grupo de amigos" e apresenta-los em larga escala.  Alguns voltariam e outros ficariam. O apartamento da Simone é o mesmo de outro projeto meu, "As Rosas" e na série, a inquilina do apartamento foge pra não pagar o aluguel, mas deixa uma sacola  que sempre tem alguma surpresa esquisita.  A idéia era explorar essa sacola em alguns episódios de A&S e deixar bem claro que com a saída da outra personagem, ela não poderia pagar o aluguel sozinha, o que começa uma rotatividade grande de personagens femininos que se arrastaria até o final da temporada, quando finalmente seria revelada a inquilina definitiva. Essa idéia seria uma tentativa de quebrar a estrutura da série em diversos momentos, dando o spotilight pra essas  completamente diferentes, algumas até bem esquisitas.

Fragmento de A&S Versão 2001

Hell – Vai uma almofadinha ai? Sei lá... De repente...
Angie  - E este é o normal dele?
Simone  - E eu que sei? Conheci ontem e já me arrependi.
Simone – E você faz o que, Angie ?
Angie – Programas.
Hell olha para  todos – A Letícia vai ter  companhia?
Nick – Cala a boca, idiota!
Simone – Hã... programas?
Angie – É, Delphi, Java... Essas  coisas.
Simone – Ufa!
Hell – Pelo menos ela não tenta ser modelo e manequim beirando os trinta.
Assumpção – Você perde grandes chances de parecer inteligente.
Hell – Mas tenho estilo.
Angie olhando para A&S – Hã...Vocês são namorados, certo ?
Assumpção  – Parecemos?
Simone irritada – Tai uma  boa pergunta.
Anderson – Eles já foram casados, acredita?
Angie – Sério, “cabeçudinho”?
Assumpção tentando desconversar – É, anjinho... isso também.
Hell – Peça pelo número e  volte para o número um depois de ter  sido traído pelo  dois.
Angie – Era pra  eu entender isso?
Simone – Não, pode esquecer qualquer  coisa dita por ele.
Assumpção – Só precisa entender que não estamos juntos...
Simone com olhos tristes – Que pena...
Angie – Vocês são muito  complicados...
Anderson – Depois piora... Casados! Os dois foram casados e eu nem sabia.Conheço os  dois há quase dez anos...
Simone – Você não é muito brilhante. Se até ela percebeu...

Hell olha para Simone oferece um pedaço de “Cheesecake” com cobertura de amoras, mas toma-o imediatamente e  começa a se deleitar . Simone faz  bico e  vira cara.

Simone – Eu também não queria, sabia? Estou adorando  comer só rúcula e aspargo.
Nick – Esses  dois ainda vão se matar.
Assumpção – Ô Nonnie... Ele ainda não pagou a metade dele no aluguel, tá? Matar só depois do dia 15.
Simone – Porque não vem morar  comigo? Tenho espaço de  sobra...
Angie – Putz, eu queria tanto morar no centro...
Simone  - Você paga as  contas?
Angie – Acho que sim...
Simone – Vem morar comigo então, ué? Tô desesperada mesmo...
Angie – Quando posso ver ?
Hell – Nossa, um Deja-vu...


Cena 4-

Interna, apartamento  de Hell e Assumpção. Assumpção está sentado na frente do PC e Hell dando socos num saco de pancadas  com a cara da ex dele, a Beatriz.

Hell – Como está a Internet, Assumpção? Já falou com ela? Ela me ligou,sabia?
Assumpção – Novidade antiga, já está ficando chato...
Hell – Mais  do que um certo casal que nunca se assume?
Assumpção – Somos só amigos! Odeio me repetir...
Hell – Sem problemas...
Assumpção – Você  fica um saco sem sexo, sabia?
Hell – Como  você  quando não recebe?
Assumpção – Foi um maldito cheque sem fundos!
Hell – Se pagou o aluguel, quem se importa?
Assumpção – A Marinete emprestou.
Hell – Pediu pra mamãe? Que inédito...
Assumpção – Se as contas são pagas não importa com quem se está endividado, concorda? Não sei seu truque pra não fazer nada e pagar tudo em dia.
Hell – Sou falsário.
Assumpção – Onde está a máquina? Vai ajuda?
Hell – Asssumpção...
Assumpção – Acredito em tudo que me der  dinheiro.
Hell – Mata sua ex e vende os órgãos no mercado negro. Dá dinheiro.
Assumpção – Não me dê idéias...


Hell – Falando nisso...O que  você fez pra deixar a ruiva tão desesperada?  Ela até me  cumprimentou quando nos vimos...
Assumpção  Sério– Ela está com medo de “levar bolo”. Ela está apostando  todas as  fichas nessa menina. Espero  que ela não deixe a Nonnie na mão. Odiaria ter de intervir...
Hell – Intervir...?
Assumpção se vira para Hell – Você não faria o mesmo em meu lugar?
Hell – Não consigo ser  como você, não me envolvo a este nível.
Assumpção – Deveria, faz parte do crescimento. 

Simone abre a porta e entra vestida de  coelho.  Os dois se  viram para  ela  surpresos e param a discussão. A idéia é que a cena seja “Avassaladora”, repentina.

Simone juntando os joelhos e  ficando numa posição engraçada – Ai, que saco !

Os três  ficam em silêncio, se entreolham e Hell faz um sinal de  silêncio e  cometa a imitar o “Hortelino Trocaletra”

Hell – Shhhh! Eu estou caçando coelhos...

Terminando a frase, Hell  simula que está descarregando uma metralhadora  em cima de Simone.
Assumpção  vira a cadeira na  direção de uma das gavetas da mesa  do Pc e  encontra camisinhas e  alguns remédios, virando-se em seguida para Simone – Olha, tem Prozac e Haldol na gaveta. Você precisa de qual?

Simone – Ah, vai se danar...Tô desesperada!
Hell – Sempre me disseram que mulheres  tinham um prazo de validade... “Beirando os trinta? Execução sumária resolve.”O mundo não seria um paraíso?

Simone olha irritada para Hell – Ainda vou te bater se não parar  com isso...
Hell – Você está convidada a tentar.
Assumpção olhando entediado para os dois – Dá logo um par de luvas de boxe pra ela. Resolvam  essa criancice logo... Eu ainda trabalho, sabia? 

Os dois olham para Assumpção irritados e Simone dá um passo adiante mexendo na jaqueta de assumpção.

Simone  – Posso pegar seu celular, né?
Assumpção – E o seu? A quantas anda?
Simone – Cortaram o telefone, o cartão e o celular foi roubado. Preciso chorar mais misérias?
Assumpção – Nossa, nunca me senti tão bem sendo eu mesmo...
Hell – É o seu melhor momento.

Assumpção puxa o celular do bolso da calça e dá para ela.




Fragmento de A&S Versão 2001

Cena 1- Todos sentados na mesa  do “Spiritus Mundi”. Hell está ouvindo um diskman, Simone está gesticulando freneticamente  contando uma história empolgada e bate  várias vezes com a mão na orelha de Anderson. Nick está pedindo que Martha lhe traga um café e Assumpção está  distraído  com algo  que está escrevendo. Nick, olha para Assumpção. 

Nick – Muito trabalho?

Assumpção acerta os óculos  que escorregam pelo nariz – Pois é...

Nick – Ainda é aquele?

Assumpção – Acredita que rasgaram meu material inteiro por acidente?

Nick- Não sei o que é pior: Você trabalhar  ainda trabalhar pra eles ou não fazer  cópias dos teus trabalhos. “Back-up” existe, sabia?

Assumpção – Existe um troço chamado dinheiro que serve pra pagar as contas e sobre as cópias... Um certo idiota de cabeça raspada me trouxe um disquete com vírus...

Hell – E eu lá sabia que o teu brinquedo servia pra algo de útil?

Simone olha para as olheiras de Anderson – Nossa, profundas...O que houve?

Anderson irritado – O Sr. E a Sra. “Elfo” se acertaram e não me deixaram dormir...

Simone se vira para Nick – Vocês   voltaram?

Nick concorda tímido e  solta um sorrisinho safado no final.

Simone dá um tapinha sacana nas costas de Nick – E ai, “Elfo”... Desencalhou!

Nick olha  com desaprovação para  Simone – E daí? Você também e eu não fiz alarde...

Simone  volta sua atenção para Anderson  e sseu desenho. Deixar bem claro que ela fez isso só pra desconversar.

Simone – Sobre o que é ?

Anderson – Na hora que eu descobrir te conto... Hoje falo com o roteirista, mas até agora, só fiz “Model Sheets”.

Simone sem entender nada – Ah...

Simone se  vira para Hell, que  fica todo o tempo só ouvindo o “Diskman” e puxa o fone do ouvido dele.

Simone – O que você tanto ouve?

Hell segura a mão dele e segura  sutilmente – Música!

Simone olha para ele  com raiva, todos se abaixam e contam até três olhando para os dois.

Hell – É pra te levar a sério? Você  dorme com o Assumpção...Deve ser mais doida  que  ele!

Simone se vira para Assumpção – Ei! Não vai me defender?

Simone percebe que Assumpção já está bem longe e olhando para o relógio.

Assumpção – O que sobreviver me  conta a história...

Anderson -  Ei! Espera!!! Vou com você...

Hell – Lá vão “Coragem o cão covarde” e o “Coelho preto da Alice”...

Assumpção para Hell – Não aparto mais  as brigas de vocês.

Vendo os  dois indo embora, Hell e Simone se entreolham e se estranham meio que sem saber o que fazer. A idéia é que para de fazer sentido  quando  ficam sozinhos.

Simone para Hell – Me desenha?

Hell olha para Simone sem entender nada – Pirou? Ataca primeiro e depois pede favores?

Simone com cara de entediada – Só é divertido te “detonar” em público...

Nick olha para os dois irritado – E eu? Sou o que?

Simone – Você é só meio público, “Elfo”...


Cena 2

Anderson está sentado numa sala velha num daqueles escritórios que gritam “roubada” por todos os poros. A mulher está com cara de tédio e poucos amigos limando as unhas sem qualquer atenção para ele. Entediado, Anderson vai desenhando uma série de caricaturas “Slapstick” da secretária. (maneiras de matar um mala)

Anderson – Será que as pulgas vão ser atendidas antes de mim ?
Secretária  com um muxoxo– Se elas marcaram hora...Quem sabe? Artistas...

Anderson torcendo o nariz para ela. (O texto é em Off)
- É sempre a mesma  coisa...Porque  todo picareta tem uma secretária idiota? Bem, pior pra mim, que sempre entro nessas.

Ele  fica olhando  surpreso para o relógio da parede, que vai se mexendo tanto pra frente  quanto pra trás e bate freneticamente na sua pasta portfólio. Aqui temos  dois planos, pois seria um texto em código mosrse que seria lido no letreiro na parte de baixo da tela: “Eu estou morrendo de tédio”.
A cena fecharia  com um “chicote” que mostraria uma caveira na mesma posição  coberta da areia de uma ampulheta  quebrada colocada sob sua cabeça.

Voz da secretária em Off – Sr. Aidar?

A transição da caveira para o  rosto  do Anderson dizendo: “Hã?” Ficaria interessante  com o uso de “Morph” ou algo  ainda mais moderno que  fosse  fundindo as  duas imagens até transformá-las novamente nele se virando desatento para a secretária.

Anderson – Mas já? Nem se passaram três horas...

Anderson se levanta e vai na direção da porta que ela aponta. O interessante aqui é que essa cena “aberta” fecha num close dela baixando os óculos até o nariz e olhando por  cima deles.

Secretária – Mas  vai rápido que a  fila  continua...

Anderson se  vira ,vê as cadeiras vazias  e se  vira pra ela.

Anderson – Tem razão... Ainda faltam as moscas.

Anderson vai andando e rabiscando algo num papel que retira da pasta e dá meia volta para dar um tapinha nas costas dela e  colar o papel.

Anderson – Te devo essa.

Muda para o  close do  sorriso irônico de Anderson depois de fechar a porta.

Dentro da sala, uma série de pôsteres de vários artistas  conhecidos (ou não) na parede dividida entre brasileiros e estrangeiros. Deve-se deixar bem claro que  ele é paraguaio, logo  tudo ao redor precisa soar falso, Um plano detalhe na mesa mostra duas imagens: Uma de Ganesha e uma de Lakshmi com um incenso aceso entre as  duas.

Diretor abrindo os braços para Anderson tentando  fingir amizade – Bom te ver...

Anderson – Vou  ficar melhor  quando um trabalho acontecer...

Diretor – Pode ser com uma... Mulher?

Anderson – Se não for sexo...

Jubi olha para Anderson e  sorri. Ele olha para a oriental e a reconhece  como sendo a garota da cantada do bar do último dia e  fica  completamente sem jeito, faz uma cara de assustado e gagueja.

Anderson – Vo-vo-você...?

Jubi debochada  só acena com a cabeça.

Anderson – Eu quero morrer...

Diretor – Hã... Vocês se conhecem.

Jubi e Anderson se viram para o diretor. Ele está cada vez mais incomodado e ela cada vez mais irônica.

Jubi – Sim.

Anderson – Não !

Jubi – Ai!

Anderson – Mais ou menos...

Jubi – Tanto faz...

Anderson – Dane-se!

Jubi – Ah, sei lá.


O interessante nesse  diálogo é que os dois  ficam se entreolhando e sem saber exatamente o que dizer, se atrapalhando o tempo todo e  ficando cada vez mais enrolados.

Jubi tenta  conter um ataque de risos sem  sucesso – E  você é o desenhista do “Homem-Duende”? Vamos realmente trabalhar juntos?

Diretor – É, e fico feliz de saber que vocês se entendem tão bem.

Jubi  com um olhar cínico para Anderson – Pelo menos divertido vai ser...

Anderson falando baixinho    Não acredito...Odeio isso!

O telefone toa, o diretor atende  e diz apenas “Sim” antes de desligar o telefone.

Diretor – Preciso resolver um assunto...

Anderson – Hã...

Jubi dando um tapinha em Anderson –  Já estamos de saída.

Jubi  fica olhando para Anderson e faz sinal para  que os dois saiam com a mão e com a cabeça para o lado.

Jubi sai e Anderson a acompanha, se chocando nela  quando  ela para pra ver o desenho nas costas da secretária e ri.

Anderson – Ui!

Jubi apontando para o desenho  – Gostei! Uma vaca frígida... Você é criativo.

Anderson – Dizem.

Jubi – Vamos almoçar naquele lugar de ontem? Os outros também vão estar?

Anderson olha para ela com um tom de pavor – Sinceramente? Espero que não...

Cena 3

Hell, Assumpção, Simone e Nick  continuam sentados na mesa do “Spiritus Mundi” quando os  dois chegam, e Assumpção, o primeiro a ver, cai na risada apontando na direção dos  dois enquanto  Simone  olha  se perguntando o que está acontecendo.

Hell – Pois é, Anderson... Coisas  que você acha na rua.

Anderson – Será que só eu trabalho aqui?

Simone – Nunca fomos tão brasileiros...

Simone olha para Nick, que não consegue  conter a gargalhada – Hã...Me trata como seu eu fosse loira, mas...Qual a piada?

Assumpção – Fizemos uma aposta e ele... Bem,  digamos que,,, “Amarelou.”

Simone  – E ela foi a aposta... Típico! Sabe... Andando com vocês, me sinto a pessoa mais normal do mundo.

Jubi – Esquenta não... Ele até que é gostosinho, só é bobão.

Anderson – Até você?

Jubi – Ah, sem estresse... Posso sentar?

Simone aponta para a cadeira vaga e faz um  convite gestual para que ela se sente.

Simone devorando um “cheesecake” sem  culpa – Sei lá... É  bom ter um outro “tipo exótico” por perto...  Monopolizar atenção é um saco.

Hell –  Até porque vamos precisar de uma mulher atraente por perto logo, logo... Já é o terceiro.

Simone – Escuta aqui, seu idiota...

Simone salta em cima de Hell, mas desiste no meio e volta a comer o Cheesecake.

Simone – Putakipa... Melhor continuar no Cheesecake. Ta bom...

 Nick – Mas que... Quando isso virou um episódio do Monty Phython?

Jubi – Ah, eles são doidos, mas até que são divertidos...

Nick – Um bar de psicólogos freqüentado por malucos. Estamos no lugar certo.

Martha, a atendente começa a limpar a mesa – Quando começamos?

Todos olham para ela com um olhar de desaprovação e fazem sinal de silencio ao mesmo tempo – Shhhhh!

Martha coloca um cartão sobre a mesa e sai sorrindo – Temos divãs públicos... Fiquem a vontade para usar. Quando quiserem...  Grupo é a minha especialidade.

Todos se viram surpresos com a situação

Assumpção – Já é a segunda vez que  você faz isso...Não tem nada melhor?

Martha imitando o Hell – Assumpção, certo?

Simone – Putz! Possessão demoníaca! Ta igualzinho.

Simone e Hell se entreolham e  ele dá os ombros – Não tenho nada a ver com isso...

Assumpção se levanta  - Hora de ir, “papito”.

Hell – Assumpção rima com...

Assumpção – Idiota,  ainda assim tem o charme de ser original.







Fragmento de A&S Versão 2001

Cena 2

Anderson está sentado numa sala velha num daqueles escritórios que gritam “roubada” por todos os poros. A mulher está com cara de tédio e poucos amigos limando as unhas sem qualquer atenção para ele. Entediado, Anderson vai desenhando uma série de caricaturas “Slapstick” da secretária. (maneiras de matar um mala)

Anderson – Será que as pulgas vão ser atendidas antes de mim ?
Secretária  com um muxoxo– Se elas marcaram hora...Quem sabe? Artistas...

Anderson torcendo o nariz para ela. (O texto é em Off)
- É sempre a mesma  coisa...Porque  todo picareta tem uma secretária idiota? Bem, pior pra mim, que sempre entro nessas.

Ele  fica olhando  surpreso para o relógio da parede, que vai se mexendo tanto pra frente  quanto pra trás e bate freneticamente na sua pasta portfólio. Aqui temos  dois planos, pois seria um texto em código mosrse que seria lido no letreiro na parte de baixo da tela: “Eu estou morrendo de tédio”.
A cena fecharia  com um “chicote” que mostraria uma caveira na mesma posição  coberta da areia de uma ampulheta  quebrada colocada sob sua cabeça.

Voz da secretária em Off – Sr. Aidar?

A transição da caveira para o  rosto  do Anderson dizendo: “Hã?” Ficaria interessante  com o uso de “Morph” ou algo  ainda mais moderno que  fosse  fundindo as  duas imagens até transformá-las novamente nele se virando desatento para a secretária.

Anderson – Mas já? Nem se passaram três horas...

Anderson se levanta e vai na direção da porta que ela aponta. O interessante aqui é que essa cena “aberta” fecha num close dela baixando os óculos até o nariz e olhando por  cima deles.

Secretária – Mas  vai rápido que a  fila  continua...

Anderson se  vira ,vê as cadeiras vazias  e se  vira pra ela.

Anderson – Tem razão... Ainda faltam as moscas.

Anderson vai andando e rabiscando algo num papel que retira da pasta e dá meia volta para dar um tapinha nas costas dela e  colar o papel.

Anderson – Te devo essa.

Muda para o  close do  sorriso irônico de Anderson depois de fechar a porta.

Fragmento de A&S Versão 2001

Cena 1- Todos sentados na mesa  do “Spiritus Mundi”.

Simone – Alex, você precisa emagrecer...

Hell, que está ouvindo num dos  fones  do diskman e aponta para Assumpção.Quando tira os  fones, o tema de Hell, “Probably will”, começa a tocar no fundo, como se estivesse  vindo do aparelho.

Hell –O síndico até já chamou a “Suipa” pra recolher o elefante... Putz, ele deu uma “barrigada” e secou a piscina.

Simone irritada – E o chimpanzé metido também, certo? Tem gente que precisa  comprar espelho...

Hell Poe a mão no queixo, manda beijinhos, faz um olhar sexy e lambe os lábios.

Nick – Vocês  dois não crescem nunca ? Vão ficar nessa rixinha a  vida toda?
Hell – Adoro produtos fora  do prazo de validade...
Simone – Ah, não enche, “flor”.
Hell – Flor?
Simone – O Gambá, do Bambi. Lembra?

Assumpção faz uma daquelas caretas de “Eu não acredito que ela tocou nisso...”

Hell – E isso significa...?

Assumpção  com cara contragosto – O sindico reclamou  que você anda  soltando “barbantinhos cheirosos” por onde passa... Você precisa tomar mais banhos.

Simone – Eu tive de entupir minha casa de perfume depois que você  foi ver a fiação. Parecia um lixão...

Hell – Ah, não exagera...

Simone – Vou te mandar a  conta, o.k?  Só pra você ter uma idéia de quantos  vidros de “Gabriela Sabatini”  tive de gastar por  sua causa...

Hell – E eu tenho de ouvir isso da mulher  do Assumpção? A que toma banho sempre que transa...Quantos banhos  você toma por dia mesmo?

Assumpção – Hell...

Hell – Vai defender a namoradinha?

Assumpção – Essa piada já perdeu a graça.

Hell – Você é a piada, Assumpção.

Assumpção – Ah, cala a boca, “Flor”... Ou pelo menos escova os dentes. Putz! Será que o Bin Laden precisa de mais armas químicas?

Simone – Você podia ter  dormido sem essa...

Anderson fica olhando para Nick e desenhando. Nick olha para o traço do Anderso

Fragmento de A&S Versão 2001

Anderson - Mas afinal de contas,quem era o fantasma? Pra quem a Elaine tem tanto medo que  você   volte?

A campainha toca e  Anderson  que vê a porta entreaberta  diz- Entra...

Simone vai entrando meio relutante, quase tímida e vai fazendo reconhecimento  do Apartamento  até olhar para Assumpção atrás de Hell. A  idéia é que os dois  se entreolham e parecem ter  visto um fantasma.
(Os  dois não se viam há sete anos e nunca esperariam se encontrar naquele lugar e situação. A atriz deve deixar bem claro que apesar de todos os percalços, os dois tem uma extrema intimidade e ficam sem saber o que fazer neste momento, pois os dois queriam o encontro, mas nunca se procuraram, apesar de saber  que este encontro aconteceria a qualquer momento. Eles imaginaram várias variáveis deste encontro, mas nunca imaginaram daquele jeito, com pessoas  que não tinham a ver com a história original e ficam sem ação)

Assumpção aponta para Simone – Com ela!
Os dois se entreolham e apontam um para o outro – Como...?

O interessante aqui é criar uma seqüência de “Plano\contraplano” com umas caretas  engraçadas de  surpresa  que os dois fazem.

Anderson aturdido olhando para os dois – De onde vocês se conhecem?
Simone olha para Anderson e  sorri – Peça pelo número...Sou a “número um”.

Simone vai na direção de Assumpção irritada.

Simone – De onde você surgiu?
Assumpção  – Entrei pela porta, que nem você.

Simone com a mão no queixo e olhando para  cima  como quem tenta se lembrar de algo – Há quanto tempo...? Ah, claro...Desde a “número  dois”.
Hell surpreso e espantado com a beleza de Simone - Realmente não há espaço para o segundo melhor...Porque você trocou isso por aquilo?

Simone  começa a circundar Hell com um ar  que mistura desprezo  com  curiosidade e indiferençae  começa a fazer um reconhecimento.

Simone – Hã...O que é isso?
Hell olha para ela irritado, ainda assim tentando se conter – Um ardoroso fã de ruivas.
Simone olhando com um ar desconfiado para Hell, considerando-o  ainda mais anormal – Putz! Você  anda tão desesperado por atenção que aceita todos os tipos de lixo por perto? É o que acontece quando se pede o número errado...
Anderson – Mas...Vocês se conhecem?
Simone  com um muxoxo – Já fomos casados... Fui a número um dele. Você realmente ainda não entendeu a piada ou só  quer que eu repita?

Hell – É, Assumpção...Você já teve bom gosto. Aproveita  que está livre para relembrar os “velhos tempos”.
Simone – Hã...Livre? Que parte eu perdi?
Assumpção – Acabou...
Simone – Ah, nem devia ter começado. Foi o maior erro da tua vida...

Assumpção imita o jeito do Stan Laurel de mexer com o nariz e a boca quando faz besteira.

Anderson – Ah...Vocês  foram casados!

A idéia aqui é pegar b  todos se virando assustados para Anderson, percebendo que  ele não estava fazendo tipo, e realmente havia entendido o que estava acontecendo naquele momento.

Simone  – Adoro você, mesmo não sendo tão brilhante.
Anderson – Porque eu nunca soube ?
Simone – Sabíamos que você era amigo dele, não saber que eu estava bem perto era seguro. O Alex tinha o direito de ser feliz.
Anderson – Nós quem?
Simone – Eu e Nick. 

Mais fragmentos de A&S 2001

Anderson sai do banheiro e bate com a porta na cara de Nick, que  desmaia. Anderson olha para ele com aquela cara de “Ih, fiz merda...” e sai de fininho.

Cena 8- Interior da casa de Assumpção e Hell.  A&S estão empolgados num Chat.

Simone – Fala sério! Realmente se perde tempo com isso?
Assumpção – A Internet é o “bar de  solteiros”  dos anos `90. Todos acham o que procuram.

Simone olha um diálogo bem absurdo de sala de sexo e se assusta.

Simone – E o que não procuram também...

A porta se abre e Hell chega cantarolando “probably will”.

Simone – O “Casanova Frankenstein” chegou...

Assumpção – E cantando... Foi boa a coisa.

Simone – Eu nunca voltaria para um namorado “Bi”...

Assumpção – Vai, pisa...

Hell – Como está indo a putrefação da “japinha”?

Simone – Ih, ela é uma  boa menina... Se vai  sobreviver no meio de um bando de doidos é que eu não sei.

Assumpção – Putakipa... Até o Nick deu em cima dela.

Hell – Ah, vocês adoram ser o “centro das atenções”...

Simone – Menino,  depois que  você sair da “camisa de  força”, vai dar um bom analista... Sabe tudo!

Assumpção – Sei lá, ela é  bonitinha, mas...

Simone – Mas nada! Dá em cima dela pra ver o que te acontece...

Hell – Viu, traiu a “Numero dois” com a “Numero um”...Deu nisso.  E depois  o Hell  que é um “bundão”...

Assumpção – Você é a “candura em pessoa”...

Hell – Tenho pena da pobre garota...

Simone – Ela vai morar  comigo, não com você. Fica frio...



Cena 9 – Anderson e Jubi

Anderson – Alguma idéia pro “Homem-Duende”?

Jubi – Com o de verdade passeando na minha frente? Meu, to cheia delas...

Anderson – Sabe que ele odeia isso, né?

Jubi – É uma bela maneira de se arranjar inimigos...
Anderson – Quando os dólares entrarem, dou parte pra ele... Ai, ele fica feliz.

Jubi – Você não o leva muito a sério, né ?

Anderson – Acho que nem ele se leva... Ninguém por aqui se leva muito a sério.

Jubi – Isso eu percebi...

Pré roteiro para a peça.

O palco está escuro e as sombras apenas insinuam o que há nele. Aos poucos, a luz vai se abrindo num facho que acompanha o ritmo de “The End”, até se centrar no homem que está com uma arma na mão. Ele aponta a própria cabeça, mas olha pra plateia de um jeito cruel e dispara a arma na direção deles.

- Sem balas! Que tipo de mestre de cerimônias eu seria se matasse a plateia? Todos mereceram estar aqui, pagaram por isso.

O facho de luz vai afinando e o acompanha até o centro do palco, onde se pode ver uma cadeira defronte a um caixão ele olha, sorri e se senta.

- Sejam todos bem-vindos. Putz! Não pensei que viria tanta gente... A desgraça dos outros é divertida, né? (risinho sacana) Tudo bem, vieram atrás do show? Terão um.
Ele aponta para o caixão com um sorriso de contentamento.
-É um belo brinquedo, não? E é todo meu... Eu paguei. Sabe o que me diverte? Sempre me perguntam qual parente vou enterrar, mas todos riem quando digo: “O Sonho”. (Ele faz silencio por um tempo) Viu? Nem vocês entendem. Hã... Porque vieram, então? É divertido ver o “cara que vai morrer?” Ah, vocês pagam... Porque eu deveria me importar?

Cheguei à cidade mês passado, queria me esconder, fugir de mim mesmo, ser diferente, mas... Ah, droga... Sou Gay! Não demorou muito para que meus “desejos” chamassem atenção do “Homem Comum”. Sem ofensa, claro? Não me importo de ser chamado assim... Ah, “Homem comum” soa ofensivo? É...? E daí?

(A iluminação vai ficando mais onírica)

Sabe que já tentei “me curar?” Gosto de meninos desde que me lembro, ainda assim, tentei... Vesti minha pele de leopardo e fui “a caça”. Hábitos estranhos... O mundo visto através das luzes hipnóticas de uma “Rave”, procurando o melhor do improvável, tentando encontrar o que interessava aos homens e o melhor dentro disso.
Deparei com a “rainha da dança”. Linda, olhos verdes, ruiva, corpo de modelo... Atraente até para mim. Não consegui resistir, precisava tê-la. Seria meu “rito de passagem”. A troca de sorrisos foi à chave para o resto da noite. Imagens em câmera lenta se justapondo, como num comercial de drogas. Bem, algumas foram usadas, mas nenhum sangue de animal foi derramado no processo.
Fomos para o seu apartamento, não para o meu. Meus pôsteres da Tori Amos, Barbra Straisend e as outras cantoras maravilhosas dariam “bandeira”. Decorei todo o roteiro e engoli até o nojo. Foi bom... Não, foi maravilhoso. Só não era a minha praia. Bem, ainda assim ficamos um tempo considerável...

(Ele abaixa a cabeça, coloca as mãos sobre ela e sorri).

Eu me apaixonei! (começa a gargalhar) Acredita nisso? Meu, sou veado de carteirinha. (olha pra plateia) Ta duvidando, é? Ta aqui!!!! E assinada pelo Luiz Mott! (Ele olha para a carteirinha, faz uma careta e a joga longe) Quem? Só faz diferença pros “entendidos”, né?  Eu também percebi isso...
Onde eu estava...? Ah, sim... Afrodite, Vênus, Lakshimi ou qualquer que seja o nome dela. Nunca soube. Precisava? Noites de sexo e paixão heterossexuais. O pedido da mamãe. Achei a felicidade numa caixinha de cereais e passei a adotá-la.
Todas as coisas boas...
Ela morreu... Da “maldita”. Saudades do tempo que se tratava de uma “peste gay”. Eu e ela nos cruzamos na contramão. Tinha de ser. Só me pergunto uma coisa: “É justo?” Não faz diferença, é história. A minha.
Irônico, de uma forma doentia. Tentei “me curar” pra fugir dela também. Não apenas para partilhar a felicidade do “Homem Comum”.

(Ele se levanta e vai em direção da plateia)

Quer saber? Se um bando de planárias tomasse o poder, seriamos mais felizes. Olhe para vocês... O que realmente fazem das suas vidas? Quantos podem dizer que realmente estão felizes com o que são? O homem comum...
Quando garoto, meu pai me surrava tanto que muitos achavam que eu jamais chegaria aos 20 anos. Bem, se tivessem apostado mais dez anos...
Um de meus piores pesadelos é com um menino retardado o pai arrancou o olho.  Poderia ter sido eu. Agradeço e me entristeço. Sou “Homo”, certo? Ainda choro quando penso nele.
Meu pai era um bom homem, mas assim como meu avô, aprendeu que a vida girava ao longo de seus testículos.  O “Homem comum”.
Sempre o maldito “Homem comum” e suas limitações. Será que ele nunca vai crescer?

(Ele se aproxima mais da plateia e aponta para um espectador, que tem que ser da trupe, senão o ator apanha feio! Ele e o espectador ficam frente a frente e o fulano tem de dar a ideia de surpresa enquanto o ator circundá-lo).

Eis o homem comum! Algo diferente? O macho alfa de sua espécie, pronto para mandar e colocar uma ordem que mais parece uma prótese peniana, sem o qual sua virilidade seria ameaçada. Que tipo de criatura circunda o próprio “pau” e se sente feliz? O macaco que caiu e nunca soube voltar para a árvore! Será que Darwin estava errado e descendemos dos jumentos? Bem dizem que muitos têm “preguiça de pensar”. Seria um erro? 

Plaster de Paris (2004)

Moldo a mulher
Com “plaster de Paris”
Destilando meu desejo
A cada delicada curva.
Deslizo meus dedos
Buscando a perfeição
De suas formas,
Meu desejo se realiza.

E ela dança.
Leve e delicada como
Uma rara borboleta
Que voa livre
Iluminando as sombras.
Com suas matizes
E semitons de carmim
Contrastando com o
Gesso branco, pulsante.
De vida e calor.
De tanto fazer amor. 

Cadê o mundo, baby? (2005)

Onde está o mundo real?
Escondido atrás dos detritos,
Do mundo desfeito, fragmentado.
Que tentam me vender.
Acreditei em você
Me enganei, mas sei que você.
Também se enganou
Ao acreditar que poderia me ter
Sem dar o braço a torcer.
Vejo as lágrimas cortantes
Fatiando minha mente,
Destruindo meu corpo
Não deixando nada além.
De nostalgia.
Bem-vinda a loucura, babe.
Você abriu a porta
Tinha a chave marcada
Me destruiu de maneiras
Que nunca pensei...
Saúde o caos, o abismo.
Da moral, das paixões.
Não correspondidas ou tentadas
Sequer saciadas.
O tesão que nunca houve entre nós
Saciado em outros corpos

Cadê o mundo? Você me prometeu
Mas baby, dentro de você algo morreu.
E me contaminou, tomou minhas esperanças.
Te fazer de você algo especial.
E isso me quebrou. Anormal.  > Refrão 1

Não suporto te olhar. Sexo no escuro
Nem sei mais o final ou o começo
De seu recomeço. Já mentiu, traiu.
Até me perseguiu. Só o que prometeu
Nunca construiu. > Refrão 2

Onde está a verdade? Cadê o mundo?
Ou isso virou mais um absurdo?
Nosso amor postiço nunca preencheu
O vazio no meu peito. Fiquei doente.
Vivi num leito. Um preconceito.

Nunca soube que dividir era:
Cada um no seu canto, vivendo.
Sem qualquer encanto.
Flores de papel não substituem
A vida real.

Refrão 1>
Refrão 2>
Refrão1>


Cadê o mundo, Baby?!

Post para o Blog Strange Little Girls (2001)

Um sorriso distante...

Ela me ligou de novo. Tem feito isso todos os dias, assim como a outra. Não estamos juntos, mas eu gostaria...
Não sei se concordo  com alguém que  conheço e  suas teorias de  que mulheres são úteis apenas para uma  coisa ou outra. Não me importo  com a solidão nem com “revivals” neste tempo de reconstrução. Um herói sempre sai  dos escombros e desta vez, pretendo que ele seja permanente.
Dezessete anos... A diferença entre minha filha e eu. Seria realmente importante para quem se  gosta ?  And the neura keeps going on... (risos)
Mais do que nunca, somos  companheiros de crepúsculo e me vejo responsável por ela. Sei que  em algum ponto terei uma crise, a que estou escondendo a tempos.... Não vai ser bonito. Segurar a “peteca” dela não é um trabalho “full time”, preciso de um... Estou no Rio e tudo deveria ser muito mais fácil. Mesmo?
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"Strange little Girls" era um blog  coletivo em que alguns amigos se divertiam com a estranha inversão de valores onde os homens seriam as vítima de mulheres  dominadoras e perigosas. Cada post falava de uma nuance deste tipo de mulher e de suas loucuras."

Post para o Blog Strange Little Girls (2001)

Pedantismo dentuço...

Não sei se você concorda comigo, mas sempre fui da teoria de que só vale manter o que é bom por perto. Se for realmente assim, porque passamos tanto tempo em busca de problemas? E ainda pior é quando eles simplesmente voltam...
A desculpa dela é o filho, vai ser sempre essa... As pessoas simplesmente não conseguem luz própria e se aproveitam de todos os pequenos sóis ao redor. Não estou em posição de dizer isso ou aquilo sobre comportamentos absurdos ou sobre o que desconheço, entretanto, pessoas realmente inteligentes tem outra postura.
Pressão é uma arma para fracos e apenas demarca falta de argumento. Soa ainda mais estranho quando ouvimos isso vindo de alguém que tanto se gaba de ter poderes e conhecimentos necessários apenas e só apenas aos de seu convívio. Todas as verdades absolutas se tornam desnecessárias quando saímos do núcleo onde elas têm poder.
Não sei bem, mas o tempo é um bom mestre, professor dos incautos e despreparados, mas também dos que ensinam com maestria.
Se é que eu realmente entendi o que disse...

O blues da solidão e o monstro da eterna Cia.

Ando vendo gente complicada “a rodo”. Ok, eu os atraio e muitas vezes, resolvo seus problemas, mas algumas vezes, ganho bem mais que isso. Ela me liga 3x por dia quando não está trabalhando e hoje, disse a que veio por estes dias. Odeio quando sei o que se passa antes que as pessoas realmente queiram admitir, odeio quando sei o final de uma situação antes mesmo dela já ter acontecido e odeio mais ainda a idéia de que normalmente, essas situações poderiam ter ficado no lugar que estavam antes de eu abrir a caixa.
Uma máxima de meu antigo professor sempre foi: “As pessoas só são interessantes até que você as conheça”. Ele me dizia todo o tempo sobre padrões e modos de percepção que eu deveria usar caso quisesse percebê-los. Odeio quando me abro demais e me sinto como o noivo da Jennifer Garner na cena de “Alias” quando ele vai falar para o pai dela sobre casamentos e é indagado: “Você realmente conhece minha filha?” Ao mesmo tempo, as poucas pessoas para quem faço isso ficam marcadas. 
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"Strange little Girls" era um blog  coletivo em que alguns amigos se divertiam com a estranha inversão de valores onde os homens seriam as vítima de mulheres  dominadoras e perigosas. Cada post falava de uma nuance deste tipo de mulher e de suas loucuras."

Vidas Roubadas - Fragmento (2007)

"Vidas Roubadas"
(TÍTULO PROVISÓRIO)

ROTEIRO DE    ALEXANDRE ASSUMPÇÃO   E CAZÉ NETO

FADE IN
CENA 1 – CORREDOR DE internato DE RAPAZES – int/dia
ESTAMOS EM 1989. DOIS ENFERMEIROS VÊM CARREGANDO JOÃO NA MACA. ELE ESTÁ COM MÁSCARA DE OXIGÊNIO. ALGUNS PADRES E RAPAZES OBSERVAM A MOVIMENTAÇÃO. A MÉDICA ASSINA ALGUNS PAPÉIS QUE ESTÃO NUMA PRANCHETA E OS ENTREGA AO PADRE GALVÃO, QUE OS ACOMPANHA NERVOSO, SEM LARGAR O CRUCIFIXO.
médica
Fique calmo, padre...
padre galvão
(preocupado)
Galvão...(p) – Doutora, eu não poderei acompanhá-lo ?
médica
Bem...
O DIRETOR DO INTERNATO, PADRE GÜNTER, SURGE AO FUNDO DO CORREDOR E INTERROMPE A CONVERSA ENTRE A MÉDICA E PADRE GALVÃO.
PADRE GÜNTER
(em tom grave)
Não há necessidade, Padre Galvão! A família já foi avisada.  Alguém o estará esperando no hospital !
PADRE GALVÃO
(sussurrando, sem olhar para o Padre Günter)
Família...
médica
(para Padre Galvão)
Se é assim...temos que ir...fiquem com Deus !
A MÉDICA VAI SAINDO ACOMPANHANDO A MACA COM OS ENFERMEIROS.  PADRE GÜNTER OBSERVA EM SEGUNDO PLANO.  A PORTA PRINCIPAL SE FECHA. PADRE GALVÃO FAZ UMA MENÇÃO DE UM ADEUS. BAIXA A CABEÇA E VOLTA-SE PARA O ROSÁRIO.  AQUI, DETALHE NO ROSÁRIO.  OUVE-SE O RUÍDO DE SIRENE DE AMBULÂNCIA SEGUIDO PELO CHAMADO DE PADRE GÜNTER.
PADRE GÜNTER
(em off)
PADRE GALVÃO!
FUNDE COM:
cena 2 – QUARTO DA CASA DO CEL.PESTANA – INT/DIA
AQUI, ESTAMOS EM 1972. DETALHE NO ROSÁRIO NAS MÃOS DE JUSTINA.  AUXILIADORA ESTÁ NA CAMA.  SENTE AS DORES DO PARTO.  JUSTINA SE APAVORA.  O CEL.PESTANA ESTÁ IMPASSÍVEL.  AUXILIADORA GRITA COM AS DORES.
JUSTINA
Não seria melhor o senhor mandar chamar o Severo e levá-la ao hospital ?
cel. pestana
Isso não será necessário ! (t) – Toda minha família nasceu em casa, neste quarto...porquê fazer diferente ?
JUSTINA
Mas, coronel, ela não me parece bem...e depois...
cel. pestana
(interrompendo com rispidez)
E depois, Justina, eu estou achando que você está falando o que não sabe ! (p) – Toda mulher prenha, berra na hora de dar cria!
AUXILIADORA APERTA O COLCHÃO E, COM OLHOS ARREGALADOS, URRA DE DOR.  SEUS GRITOS SÃO OUVIDOS EM OFF.  JUSTINA SE APROXIMA DA CAMA E PEGA A MÃO DA PATROA.  AS DUAS SE ENTREOLHAM.
JUSTINA
Calma, patroinha...Jesus está com a senhora e com esta criança pura que vai colocar no mundo !
AUXILIADORA BALBUCIA ALGO COM EXPRESSÃO DE TERROR.
AUXILIADORA
Jus...ti...na...me ajude...estou morrendo...de...medo...(chora)
CLIMA DE TENSÃO.  JUSTINA SE APAVORA MAIS AINDA.  CEL. PESTANA PUXA UM CHARUTO DO BOLSO DO PALETÓ E O ACENDE.  SOLTA UMA BAFORADA PARA O ALTO E SORRI.
JUSTINA
Coronel, pelo amor de Deus...faça alguma coisa, ela está sofrendo muito !
cel. pestana
Já fiz, Justina...já fiz...
CORTA PARA:

Artes Inéditas de Histórias da Bíblia

Apesar de ter tido uma edição publicada, a proposta da série Histórias da Bíblia era narrar todas as histórias contidas neste que é um dos ...