sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

HQ: A Lira dos 50 anos: Os Vingadores.

A Lira dos 50 anos: Os Vingadores.

“E houve um dia como nenhum outro, em que os maiores heróis do mundo se viram unidos contra uma ameaça comum. Naquele dia, Os Vingadores nasceram… para combater os inimigos que nenhum super-herói poderia enfrentar sozinho!”
Bela frase, não? Quando você viu Os Vingadores pela primeira vez?
Com 42 anos, consegui ver o segundo boom da Marvel no Brasil. Antes, nos anos 1970, fui sócio do “Clube do Bloquinho” e, na TV em preto e branco, assistia ao Capitão AzaUltraman, Ultraseven e … aos desenhos desanimados da Marvel. Você se lembra deles? Eram adaptações toscas feitas a partir dos próprios quadrinhos das revistas, mas eu era criança e sonhava em viver as aventuras dos personagens.
Alguns episódios adaptavam histórias dos Vingadores, e foi quando finalmente tive contato com eles e com os X-Men originais (como fui descobrir anos depois). Aporrinhei muito meu pai para que ele comprasse o gibi (que encontrei na feira atrás da minha casa) daquele grupo de super-heróis com aventuras dinâmicas que prenderam minha atenção. Não peguei o grupo em 1963, mas li as histórias da época, que foram publicadas pela primeira vez com todo o carnavalesco esplendor de sombras e cores típico das revistas da Bloch Editores, como a Revista Manchete.
Eram histórias simples e ingênuas nas quais os personagens aprendiam a conviver e a formar o grupo que ficaria famoso na América no final da década de 60. Na fase embrionária escrita por Stan Lee e desenhada por Jack Kirby e Don Heck, eu vi o retorno do Capitão América e as mortes de Magnun e do Barão Zemo.
Na época, a Bloch resolveu lançar títulos “modernos “que faziam sucesso. Um deles, o dos Defensores, apresentou um crossover entre o grupo e os Vingadores. O curioso é que, como os Defensores só ganharam um título próprio em meados dos anos 70 e em sua revista própria Os Vingadores ainda estavam nos anos 60, o leitor teve uma visão do futuro. Na verdade, devido a essa diferença de cronologia, foi publicada apenas uma parte do encontro dos supergrupos, cuja íntegra os leitores só puderam conferir nos anos 80, quando a editora Abril assumiu os personagens e publicou os Defensores até o ponto em que puderam contar esta aventura, para depois saltarem direto para as histórias os anos 80. Mas em 1978 a editora perdeu os direitos e os Vingadores viraram sem teto.
Como na época eu preferia Homem-AranhaMônica e a Vaca Voadora, não me importei. Continuei assistindo na TV e só voltei aos personagens em 1983, quando Roy Thomas, John Buscema Neal Adans narravam a Guerra Kree-Skrull dentro do mix da extinta Heróis da TV. Eu já lia os quadrinhos importados e tive contato com material realmente moderno. Na época, a Abril ainda estava tentando alinhavar a cronologia de seus personagens e era comum ver histórias dos anos 60 ao lado de dos anos 70 e até dos 80. Eles só se organizaram definitivamente perto dos anos 90, quando passaram a ter um atraso de três ou quatro anos.
Confesso que os abandonei de novo nos anos 90, época de péssimas histórias, mas voltei na virada do século quando, depois de um desastre chamado “Heróis Renascem”, trouxeram o escritor Kurt Busiek e o desenhista George PerezGeorge Perez e John Byrne foram parte do melhor momento dos personagens (de 1975 até 1980), e ter um dos dois de volta ao título foi uma grata surpresa. Byrne já havia assumido o título no final dos anos 80, quando fez várias mudanças na série. Infelizmente, nada que durasse muito além de sua passagem.
O retorno de Perez juntou a nostalgia do fã com a inovação das histórias. Era bom e eu fui ficando. Li Vingadores, a Queda (escrita por Brian Bendis) e tudo que veio depois com os personagens. Uma década de boas histórias. Na verdade, uma só história que ele soube fechar bem.
Pouco menos de quatro décadas depois, estou aqui para ver seu cinquentenário. E esta é uma época perfeita para ler os quadrinhos dos personagens. Desde (o mais recente) Vingadores vs. X-Men, o supergrupo mudou, acrescentou mais mutantes e virou algo novo e diferente. E vieram o filme, a animação e uma nova leva de leitores que nunca tiveram a chance de ler pela Bloch, mas leem pela Panini, pela própria Marvel, pelo Comixology (ou por scan mesmo).
Ser leitor no Brasil ainda não é fácil, mas se você não tem a barreira da língua, ainda pode comemorar o cinquentenário lendo histórias modernas, antigas… ou vendo desenho animado. Vai estrear um desenho novo deles no Disney XD este ano. Muitos falam mal dessa animação, outros falam bem, mas se você gostou da formação do filme, vai encontrar seus personagens preferidos na TV.

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