sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A Lira dos 50 Anos Parte 1: A Gorducha, Baixinha e Dentuça.

A Lira dos 50 Anos Parte 1: A Gorducha, Baixinha e Dentuça.

O que você faz quando alcança meio século? Que tal comemorar? Neste ano, MônicaVingadores e X-Men entram na meia-idade. Você se lembra da primeira vez que leu algum desses gibis? Onde você estava em Março de 1963? Pergunta idiota, né? Mas acredite, leitores de quadrinhos envelhecem e alguns se lembram deste ano.
Bem, eu aprendi a ler com os quadrinhos e não me lembro dos números da Turma da Mônica que eu tive, mas tive os primeiros. Quando eram publicados pela Editora Abril dos anos 1970 (depois disso ela passou pela Globo e hoje está na Panini), época na qual havia uma variedade maior de títulos nacionais na banca e várias editoras publicando. Eram os dias de ir pra casa de uma tia onde não tinha nada e ficar lendo todos os quadrinhos que caíssem na minha mão. E acredite, quando se era criança nos anos 70, todo mundo te dava um. Era o Passiflora daqueles tempos.
Aliás, minhas lembrança mais fortes são das paródias da cultura Pop da época. Secos e MolhadosRita LeeRoberto Carlos, as paródias de filmes como “Embalos de Sábado à Noite“, “Superman“, a história baseada em “Romeu e Julieta“, que pode ser considerada o primeiro crossover publicado no Brasil, afinal envolveu os dois títulos da época (Mônica e Cebolinha) por mais de um mês… Cara, eu amava aquele desenho de natal em que eles tentavam construir uma chaminé. Alguém se lembra disso? Passava direto na Globo e na TV Tupi.
Eram os tempos de ver a Mônica e sua turma em quase todo tipo de produto. Nem sei quantos bonecos de gesso eu quebrei porque tentava fazer Cebolinhas, mas sempre tirava antes do tempo, ou o quanto eu ria com as propagandas do Jotalhão e da Mônica, ou mesmo quantos banhos tomei com a linha da Phebo. Apesar de termos voltado a ter muitos produtos dos personagens, o grande boom foi durante as décadas de 1970 e 1980, quando praticamente tudo era estampado com a imagem dos personagens, até brindes de caderneta de poupança. Inspirada na Grande Rio, que fechou uma parceria com a editora Bloch e usava os heróis da Marvel como garotos propaganda, a finada poupança HASPA ofereceu vários brindes com a turminha. Teve até um disquinho.
O Jotalhão na Cica e a Mônica na Phebo
Mônica Spada e Sousa, filha de Mauricio e diretora comercial da empresa (foto: divulgação)
Não é divertido pensar que a Mônica pegou a turma do Cebolinha à força? Aquela garota emburrada que apareceu em 1963 batendo no protagonista da tira acabou ganhando tanta força que em 1970 ganhou seu próprio gibi. Os quadrinhos da Mônica e sua turma continham todo o universo de Mauricio de Souza, que aos poucos foi sendo ampliado até chegar na quantidade de títulos que temos hoje. Aos puristas que reclamam de existir uma versão mangá da turma, eu sempre indico dar uma olhada na evolução dos personagens. O estilo nipônico chegou no final dos anos 70 e ficou.  Dos anos 90 em diante passaram a assumir a influência e o resto é história.

Cartaz de "A Princesa e o Robo"
O interessante é que estamos falando de um império do entretenimento totalmente brasileiro que mais do que nunca gera produtos de mídia e outros licenciados. Todo o mundo lê, afinal, é traduzido para todas as línguas conhecidas. Quantos produtos nacionais você já viu alcançar tamanha penetração?  Isso sem contar que quem atualmente administra a Mônica é a própria Mônica. A personagem foi inspirada na filha do Mauricio, que gostou da ideia e homenageou todos os que vieram depois da mesma forma.
Talvez tudo isso explique o fato de que daqui a 50 anos outras crianças e adolescentes terão lembranças com os personagens. Não só na infância, claro. Um dos meus primeiros beijos foi durante uma exibição de “A Princesa e o Robô”.


Nas próximas duas viagens pela alameda da memória falarei de “Vingadores” e de “X-Men”.
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